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Grupo de fazendeiros ligados a ONG defende Código Florestal
MARCELO LEITE
COLUNISTA DA FOLHA
Um grupo de 35 fazendeiros
ligados à organização não-governamental Aliança da Terra
lançou ontem carta aberta defendendo a manutenção e a
consolidação do Código Florestal, com "alguns ajustes". A manifestação evidencia que nem
todos os produtores agropecuários do país rezam pela cartilha da bancada ruralista no
Congresso Nacional.
Ontem também foi adiada na
Comissão de Meio Ambiente
da Câmara a votação dos projetos de lei nº 6.840/2006 e
6.424/2005, combinados. O
Greenpeace os apelidou de "PL
da Floresta Zero".
Se aprovados, proprietários
de terra cp, desmatamento ilegal realizado até 2006 teriam
anistia. A reserva legal na Amazônia voltaria a ser de 50% da
área (desde 2001 são 80%).
Oficialmente, faltou quórum
para votar a proposta, mas a
meia volta dos deputados se
deu sob pressão da opinião pública. Até entre produtores rurais há quem veja exagero no
projeto inspirado pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), como
atesta a carta.
Mesmo pecuaristas do porte
de Luiz Carlos Nunes Castelo,
dono de 13 mil hectares no município de São José do Xingu
(nordeste de Mato Grosso), assinaram o documento da Aliança. "O Código Florestal representa uma das mais importantes ferramentas para viabilizar
a produção sustentável com
responsabilidade socioambiental", defende a carta.
O principal ajuste proposto é
incluir áreas de preservação
permanente (como beiras de
rio e topos de morros) no cálculo da reserva legal. A redução da
reserva a 50% na Amazônia ficaria condicionada à previsão
do zoneamento econômico-ecológico em cada Estado.
Marcos Carvalho dos Reis,
37, zootecnista, cafeicultor em
Minas Gerais e diretor da
Aliança da Terra, diz que a proposta se baseia no bom senso.
"Com a bancada ruralista eu
não me preocupo", afirmou. "O
pedido do produtor de Mato
Grosso [sede da Aliança] é trabalhar em paz. Cada hora é uma
coisa [nova]."
A ONG foi criada em 2004
por fazendeiros dispostos a
produzir de maneira ambientalmente correta. Seu cadastro
reúne 262 propriedades, e outras 108 aguardam vistoria. Entre seus parceiros há organizações respeitadas como o Ipam
(Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
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