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PA cria maior reserva florestal do mundo
Calha Norte do rio Amazonas tem agora 12,7 milhões de hectares de unidades de conservação em terras contínuas
Grande parte das áreas para proteção integral ou exploração sustentável já
estava fora de acesso para o setor da agropecuária
CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A BELÉM
O governador do Pará, Simão
Jatene (PSDB), resolveu se despedir de seu mandato em grande estilo. Ontem, a menos de
um mês de deixar o cargo, ele
assinou a criação do maior conjunto de áreas de conservação
em floresta tropical do planeta.
Só na calha Norte do rio
Amazonas paraense foram colocados sob proteção oficial
12,7 milhões de hectares de floresta em área contínua -quase
o equivalente a Portugal e à Suíça somados- em cinco unidades de conservação. Entre elas,
a maior já criada no país, a Estação Ecológica Grão-Pará,
com 4,2 milhões de hectares, e
a terceira maior, a Floresta Estadual do Paru, com 3,6 milhões de hectares.
Três dessas unidades são
Florestas Estaduais (Flotas)
que admitem usos econômicos
como a exploração sustentável
de madeira. As outras duas são
de proteção integral, destinadas unicamente à conservação
da biodiversidade e à pesquisa.
Somadas a duas outras áreas
criadas na calha Sul, as reservas
do Pará perfazem 15 milhões de
hectares, ou um Ceará, e elevam em quase 3% a porção protegida da Amazônia. A festa de
Jatene só não foi maior porque
uma liminar concedida no fim
de semana pela Justiça Federal
de Altamira impediu a criação
de duas outras unidades.
Corredor gigante
O mosaico paraense completa o maior corredor ecológico
do planeta, que se estende da
fronteira entre o Amazonas e a
Colômbia, até o litoral do Amapá. Quem percorrer essa região
hoje poderá andar 3.000 quilômetros integralmente dentro
de áreas protegidas, entre parques, reservas indígenas e florestas de uso sustentável.
A criação do mosaico da calha Norte é uma dupla boa notícia. Primeiro, porque antecipa
a proteção a uma região ainda
pouco impactada pela ação humana. De acordo com a ONG
Conservação Internacional,
que fará o inventário da biodiversidade local no ano que vem,
a região sob proteção integral
na calha Norte abriga pelo menos 61 espécies de anfíbios,
quase 200 de mamíferos e 700
de aves. Oito estão ameaçadas.
Depois, porque o custo político de sua implementação é baixo, já que boa parte da região
está fora de acesso para o setor
produtivo, por possuir relevo
acidentado e solos pobres. "As
áreas de proteção integral estão
sob proteção passiva", disse à
Folha Adalberto Veríssimo,
pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), que coordenou os estudos para a criação
das novas reservas.
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