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Empresa junta
biocombustível
a Sol e eólica
DO ENVIADO A LANGFANG (CHINA)
Com 250 toneladas, a principal máquina da linha de
produção de painéis solares
ocupa o centro da fábrica da
ENN, na cidade de Langfang,
a uma hora e meia de Pequim. Vitrine dos esforços
tecnológicos chineses para
liderar o negócio da energia
renovável, ela já foi visitada
por Steven Chu, o secretário
de Energia dos Estados Unidos, em sua primeira visita
oficial à China.
A Folha fez a mesma visita
que Chu. Por um corredor
envidraçado suspenso, de
quase um quilômetro de extensão, é possível ver o complexo inteiramente robotizado que produz os maiores
painéis solares do mundo, de
5,7 metros quadrados, quatro vezes maiores que os
convencionais.
Só 16 funcionários, de uniformes amarelos, supervisionam a operação. A empresa calcula que um módulo de
200 kW produza em 25 anos
6 milhões de kW, o que pouparia a queima de 1.778 toneladas de carvão, a principal
fonte energética na China.
Com essa troca, o país deixaria de emitir 4.444 toneladas de CO2.
Antes de apostar na energia solar, a ENN se tornou
referência no país na produção de carvão gaseificado,
chamado de "carvão limpo".
No momento, uma das
pesquisas mais ambiciosas
da companhia acontece em
uma estufa que alimenta microalgas com carbono capturado pelo carvão em gás.
Ciclo fechado
O organismo absorve o
dióxido de carbono mais rápido que as árvores. O gás,
extraído com uso de energia
solar e eólica, é fornecido às
algas, que depois podem ser
usadas como fertilizante, ração animal e biocombustível.
A empresa pretende continuar as pesquisas em um espaço de 100 hectares nos
próximos três anos. Se for
rentável, usinas de carvão
poderão usar algas para absorver suas emissões.
A ENN assinou parceria
com a americana Duke
Energy para desenvolver
pesquisas em diversas áreas
e explorar o mercado solar
americano. A empresa chinesa, que tem 20 mil funcionários e foi criada há 20 anos
como distribuidora de gás, já
abriu fábrica no Egito para a
produção de metanol.
Tecnologia de fora
Mas mesmo a vitrine chinesa exibe as fraquezas do
país nessa corrida pela liderança da energia limpa. A tal
máquina de 250 toneladas
foi produzida pela americana
Applied Parts. O vidro TCO
necessário na produção é importado do Japão, e os prometidos subsídios estatais
ainda não chegaram.
"Há várias promessas de
subsídios para popularizar a
energia solar na China, mas
esse dinheiro ainda não chegou. Por enquanto, a China
produz para o mercado europeu, a energia limpa ainda é
cara para o bolso chinês",
disse à Folha o vice-diretor
da ENN, Ricky Wang, físico
que estudou e morou nos
EUA por 20 anos e voltou em
2006 para a China.
"O carvão sujo deveria ser
taxado, regulado, sofrer limitações, o nosso futuro precisa de uma energia mais limpa e eficiente", diz.
As principais líderes do setor (ENN, Suntech, BYD)
são privadas, mas a maior
parte dos subsídios e créditos do pacote de estímulo
lançado no ano passado pelo
governo foi parar na conta
das estatais chinesas, muito
atrás na corrida tecnológica.
Executivos das três empresas já reclamaram publicamente sobre a falta de crédito e apoio para a produção
em maior escala, o que poderia baratear o preço final.
Por enquanto, 80% do faturamento da ENN acaba vindo mesmo da distribuição de
gás natural.
(RJL)
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