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Lobo negro herdou sua cor de cachorro doméstico, aponta análise genética
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
A mutação genética que faz
o seu cocker spaniel ter a pelagem preta também produz
o mesmo efeito em lobos selvagens. Cientistas mostraram agora que os lobos negros da América do Norte devem sua cor a genes originários de cães domesticados.
Mais ainda, trata-se de um
raro caso em que uma mutação promovida pelo homem,
ao retornar a populações selvagens, produz um efeito benéfico. Com a diminuição do
habitat de tundra, onde predominam lobos brancos ou
cinzentos, aumenta o de floresta -nas quais a maioria
dos lobos tem pelo preto.
Os lobos de pelo preto quase só existem na América. A
mutação que lhes confere essa cor provavelmente foi passada às populações de lobos
por cruzamentos com cães
domésticos (Canis lupus familiaris) trazidos pelos ancestrais dos índios, entre
15.000 e 10.000 anos atrás.
A equipe de 15 cientistas,
coordenada por Gregory
Barsh e Tovi Anderson, da
Universidade Stanford, Califórnia, publicou o estudo na
edição de hoje do periódico
científico "Science".
O gene é dominante; basta
uma cópia dele para produzir
a cor negra. O cruzamento de
lobos das duas cores, cinza e
negra, produziu uma ninhada
de 14 filhotes, dos quais dez
tinham o gene e o pelo preto.
Não há certeza ainda entre
os cientistas do motivo de a
mutação ser benéfica aos lobos. Pode ser uma questão de
camuflagem, a cor escura melhor adaptada à floresta do
que à nevada tundra. Mas o
gene responsável pela cor negra do pelo, beta-defensina,
também está envolvido na
defesa contra infecções.
"Nossos resultados implicam em que variantes que
apareçam durante a domesticação podem ser viáveis na vida selvagem e enriquecer o legado genético de populações
naturais", dizem os autores.
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