São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2008

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repercussão

Pela pesquisa, cadeirante se joga no chão

JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Decepcionante" e "absurdo" foram as palavras ouvidas de integrantes de entidades pró-pesquisas com células-tronco embrionárias, na saída do julgamento de ontem.
"Foi decepcionante, um atraso. Depois que o ministro Celso de Mello falou com tanto entusiasmo, achei que não ia ter clima para o pedido de vista", disse Gabriela Costa, do Movitae (Movimento em prol da vida) e portadora de distrofia muscular.
O diácono Gilson Rodrigues pensava diferente e via a suspensão do julgamento como uma possibilidade de os ministros "repensarem" os votos.
A possibilidade de pedido de vista já era tida como certa, no início da tarde, pelas pessoas que compareceram ao julgamento. Elas, porém, não se abstiveram de pressionar por um resultado definitivo.
Portador de distrofia muscular, Lourival Parga, 45, saiu às 4h de ontem de Americana (SP) para acompanhar de perto a decisão do STF. No intervalo da sessão, ele deixou sua cadeira de rodas, deitou-se no chão em frente ao STF e mostrou a dificuldade que tem para se mover.
"Quis mostrar como é trágica essa doença. Um ano atrás, eu andava. Hoje estou numa cadeira de rodas e logo não vou mais conseguir colocar comida na boca", disse. Ele é favorável às pesquisas.

Fila
Os interessados "no julgamento mais importante da história", como disse Celso de Mello, começaram a chegar duas horas antes do início da sessão, marcada para as 14h.
Aos poucos, a longa fila formada na entrada começou a tomar partido de um dos lados. Vários dos que esperavam, sob sol forte, vestiram camisetas com dizeres de defesa de pesquisas só com células-tronco adultas. Outros ganharam gérberas, o símbolo dos movimentos pró-pesquisa com embriões.
Segurando duas flores e uma máquina com fotos de seu filho portador de distrofia muscular, José Carlos Borges estava emocionado e indignado com a possibilidade de as pesquisas serem proibidas.
"Acho que estamos perdendo tempo. Já fomos ao Congresso, agora estamos no Supremo. Vamos aonde mais, a Deus?", disse.
Também na entrada do STF, havia um grupo católico de missionários que pregava a não-utilização dos embriões. "Viemos mostrar nosso desconforto com a lei", disse Anderson da Cruz, 23.
Nem todos que aguardavam na entrada do tribunal conseguiram entrar no plenário, que acolheu cerca de 120 das pessoas da fila. Os demais tiveram de acompanhar a sessão por um telão posicionado no saguão, alguns deles sentados no chão.


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