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repercussão
Pela pesquisa, cadeirante se joga no chão
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Decepcionante" e "absurdo" foram as palavras
ouvidas de integrantes de
entidades pró-pesquisas
com células-tronco embrionárias, na saída do julgamento de ontem.
"Foi decepcionante, um
atraso. Depois que o ministro Celso de Mello falou
com tanto entusiasmo,
achei que não ia ter clima
para o pedido de vista",
disse Gabriela Costa, do
Movitae (Movimento em
prol da vida) e portadora
de distrofia muscular.
O diácono Gilson Rodrigues pensava diferente e
via a suspensão do julgamento como uma possibilidade de os ministros "repensarem" os votos.
A possibilidade de pedido de vista já era tida como
certa, no início da tarde,
pelas pessoas que compareceram ao julgamento.
Elas, porém, não se abstiveram de pressionar por
um resultado definitivo.
Portador de distrofia
muscular, Lourival Parga,
45, saiu às 4h de ontem de
Americana (SP) para
acompanhar de perto a decisão do STF. No intervalo
da sessão, ele deixou sua
cadeira de rodas, deitou-se
no chão em frente ao STF
e mostrou a dificuldade
que tem para se mover.
"Quis mostrar como é
trágica essa doença. Um
ano atrás, eu andava. Hoje
estou numa cadeira de rodas e logo não vou mais
conseguir colocar comida
na boca", disse. Ele é favorável às pesquisas.
Fila
Os interessados "no julgamento mais importante
da história", como disse
Celso de Mello, começaram a chegar duas horas
antes do início da sessão,
marcada para as 14h.
Aos poucos, a longa fila
formada na entrada começou a tomar partido de um
dos lados. Vários dos que
esperavam, sob sol forte,
vestiram camisetas com
dizeres de defesa de pesquisas só com células-tronco adultas. Outros ganharam gérberas, o símbolo dos movimentos pró-pesquisa com embriões.
Segurando duas flores e
uma máquina com fotos
de seu filho portador de
distrofia muscular, José
Carlos Borges estava emocionado e indignado com a
possibilidade de as pesquisas serem proibidas.
"Acho que estamos perdendo tempo. Já fomos ao
Congresso, agora estamos
no Supremo. Vamos aonde mais, a Deus?", disse.
Também na entrada do
STF, havia um grupo católico de missionários que
pregava a não-utilização
dos embriões. "Viemos
mostrar nosso desconforto com a lei", disse Anderson da Cruz, 23.
Nem todos que aguardavam na entrada do tribunal conseguiram entrar no
plenário, que acolheu cerca de 120 das pessoas da fila. Os demais tiveram de
acompanhar a sessão por
um telão posicionado no
saguão, alguns deles sentados no chão.
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