São Paulo, sábado, 06 de maio de 2006

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TECNOLOGIA

Ministro defende construção de Angra 3 e diz que país precisa atingir auto-suficiência também na área nuclear

Brasil inaugura enriquecedora de urânio

Vanderlei Almeida/France Presse
Sergio Rezende discursa na inauguração do módulo em Resende


DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, inaugurou ontem o primeiro módulo da fábrica de enriquecimento de urânio da INB (Indústrias Nucleares do Brasil), em Resende (RJ), e defendeu a construção de Angra 3. Com o início da produção nacional, o Brasil passa a integrar o seleto grupo de países que dominam esta tecnologia.
O urânio brasileiro, extraído das minas de Caetité (BA), tem sido enriquecido na Europa, após ser transformado em gás, no Canadá. A previsão é que a primeira etapa do projeto, quando concluída, atenda a 60% das necessidades das usinas Angra 1 e Angra 2. Com isso, o país economizará, a cada 14 meses, aproximadamente US$ 12 milhões. Serão construídos, ao todo, quatro módulos.
A energia nuclear é responsável por mais de 40% da eletricidade consumida no Estado do Rio de Janeiro e 20% no Sudeste.
"Tenho certeza de que o presidente Lula vai arcar com os pequenos ônus políticos junto aos ambientalistas e vai anunciar, ainda este ano, a retomada da construção da usina Angra 3", afirmou o ministro em discurso.
Enquanto Rezende discursava, os ambientalistas já reclamavam. A ONG Greenpeace ironizou em nota que a inauguração tenha ocorrido uma semana após o aniversário de 20 anos do acidente de Tchernóbil e disse que a iniciativa do governo é preocupante, "pois dá um sinal claro das intenções do governo de promover a tecnologia nuclear e levanta suspeitas da comunidade internacional sobre um potencial uso militar".
Rezende ressaltou a importância da produção combustível nuclear, "num momento em que a questão do gás boliviano coloca em pauta o problema da segurança energética".
"Nosso país não pode desperdiçar oportunidades de atingir a auto-suficiência nessa área, que é importante, não só por conta da produção de energia, mas também por todas as outras aplicações, como nos fármacos, na indústria e na construção civil."
Em 2004, a fábrica de enriquecimento de urânio em Resende foi alvo de grande polêmica internacional. A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) fazia questão de inspecionar as centrífugas da fábrica para ter certeza de que as intenções do programa brasileiro era pacíficas. O Brasil não permitia a "inspeção visual" das centrífugas, alegando preservar a tecnologia nacional.
Depois de meses de negociação, o governo possibilitou melhores condições de visibilidade de tubos, válvulas e conexões, por onde entra e sai o material, mas sem demonstrar os principais segredos do enriquecimento.


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