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Produção científica cresce 56% no Brasil
País foi o que teve maior aumento no número de artigos publicados entre 2007 e 2008, subindo de 15º para 13º no ranking
Análise de qualidade da ciência nacional, porém,
mostra desempenho abaixo
da média mundial em total
de citações em 21 áreas
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
De 2007 para 2008, a produção científica brasileira cresceu
56% e o país passou da 15ª para
a 13ª colocação no ranking
mundial de artigos publicados
em revistas especializadas.
No entanto, a qualidade dessa produção -medida pelo número de citações que um artigo
gera após ser publicado- continua abaixo da média mundial.
Os dados que mostram o
crescimento da produção científica brasileira foram divulgados ontem pelo ministro da
Educação, Fernando Haddad,
em evento na Academia Brasileira de Ciências no Rio, e foram produzidos a partir da base
de dados Thomson-ISI.
Já a informação sobre o impacto da produção acadêmica
brasileira consta do site do instituto Thomson Reuters
(sciencewatch.com/dr/sci/09/may3-092). Os dados mais
recentes foram divulgados no
dia 3 deste mês.
No aspecto quantitativo, o
Brasil foi o país que mais cresceu na lista das 20 nações com
mais artigos publicados em periódicos científicos indexados
pelo ISI. Em 2008, 30.145 artigos de instituições brasileiras
foram aceitos nessas publicações. Em 2007, esse número
era de 19.436.
Com o crescimento, o Brasil
ultrapassou Rússia e Holanda
no ranking. Esses 30 mil artigos representam 2,12% da produção mundial.
Já a dimensão qualitativa
-pesquisada entre 2003 e
2007, intervalo maior de tempo para captar melhor o número de citações a um artigo em
outros textos acadêmicos-
mostra que a área em que o
Brasil mais se aproxima da média mundial de citações é matemática, em que cada texto mereceu 1,28 citação, 11% abaixo
da média mundial, de 1,44.
O presidente da Academia
Brasileira de Ciências, Jacob
Palis, considerou "alvissareiro"
o crescimento brasileiro e disse
que isso reflete o aumento do
fomento à pesquisa no país.
"Estar em 13º é muito bom.
Estamos colados, por exemplo,
na Coreia do Sul. Claro que
nossa população é muito
maior, mas também é verdade
que os sul-coreanos investiram
brutalmente em pesquisa nos
últimos anos. Se continuarmos
nesta marcha, estaremos bem",
afirmou Palis.
Ele explica que uma das razões que contribuíram para o
Brasil ultrapassar a Rússia foi o
fato de este país ter perdido excelentes pesquisadores para os
países ocidentais.
O especialista em cienciometria (que estuda a produtividade em pesquisa) Rogerio Meneghini foi cauteloso na análise
do crescimento brasileiro.
Para ele é importante analisar não apenas o número de artigos publicados, mas também
sua repercussão. Ele lembra
também que, mesmo no caso
da base Thomson-ISI, há revistas com níveis de qualidade que
variam bastante.
Para o ministro da Educação,
contribuiu para esse resultado
o aumento do número de mestres e doutores no Brasil, que
saiu de 13,5 mil para 40,6 mil
de 1996 a 2007- e o crescimento das bolsas concedidas
pela Capes (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior), de 19 mil para
41 mil no mesmo período.
"Estamos vivendo um momento em que foi possível aumentar em mais de 50% a produção brasileira. Isso aconteceu graças ao trabalho do MEC
e do Ministério de Ciência e
Tecnologia", disse Haddad.
Para o presidente da Capes,
Jorge Guimarães, é preciso ter
em consideração que a repercussão de um artigo leva mais
tempo para ser captada. "Um
artigo publicado em 2008 ainda não está sendo citado. Isso
vale para nós e para todos os
países. Para medir o impacto, é
preciso olhar mais para trás."
Além disso, diz, países desenvolvidos levam vantagem
por terem mais tradição no
meio científico e pelo fato de
seus pesquisadores participarem de um número muito
maior de congressos internacionais, o que aumenta a visibilidade dos artigos publicados.
Guimarães admite, no entanto, que é preciso melhorar
também nesse aspecto. "Também estamos crescendo no número de citações, mas não com
a mesma velocidade."
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