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Pontes agora afirma a agência que
trabalhará de graça em programa
Coronel nega que oferta tenha sido motivada por críticas a sua aposentadoria
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à controvérsia de
sua transferência para a reserva na Força Aérea, o astronauta
Marcos Cesar Pontes, 43, comunicou à Agência Espacial
Brasileira que seguirá trabalhando no programa -de graça.
Os termos do acerto foram
apresentados à AEB na última
sexta-feira por um fax, obtido
pela Folha. O documento foi
enviado do Escritório dos Astronautas do Centro Espacial
Johnson, em Houston (EUA).
A prestação de serviço "sem
custos de remuneração para os
cofres públicos" de Pontes à
AEB não será irrestrita. No documento, ele especifica que só
continuará na função de elemento de ligação entre o governo brasileiro e a Nasa nas tratativas ligadas à participação brasileira na ISS (Estação Espacial
Internacional). Caso o Brasil
saia do projeto, o coronel se desobriga de seguir prestando assessoria gratuita à AEB.
Para o presidente da agência,
Sérgio Gaudenzi, a proposta
formal enviada pelo astronauta
não veio como surpresa. "Marcos já havia dado declarações
de que pretendia continuar no
programa", disse à Folha.
A AEB de início se disse surpreendida pela comunicação,
via Diário Oficial, em 18 de
maio, de que Pontes estava se
aposentando na Força Aérea.
Temia-se que o conhecimento
adquirido em seus oito anos de
treinamento fosse perdido ou
transferido à iniciativa privada
sem beneficiar o programa espacial que o manteve.
Agora, Gaudenzi se diz satisfeito com os termos colocados
por Pontes e afirma que já terá
o astronauta a seu lado nas negociações que travará em
Houston com a agência espacial americana no fim deste
mês, sobre o futuro da participação brasileira na ISS.
Pontes nega que a oferta tenha sido um recuo em face das
críticas que enfrentou por sua
súbita aposentadoria na FAB.
"Essa continuidade já era prevista desde o momento em que
foi tomada a decisão de ir para
a reserva. A mídia é que se antecipou sem saber de todos os
fatos", alega o coronel.
Ele diz que agora trabalhará
parte do tempo na Nasa, em
Houston, e parte no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), em São Paulo,
fazendo o meio-de-campo entre brasileiros e americanos
para que o país comece a cumprir sua parte na ISS.
Atualmente, a obrigação brasileira no projeto é entregar à
Nasa 18 FSEs (Equipamentos
de Suporte de Vôo), a serem fabricados no país a um custo de
cerca de US$ 8 milhões. O protótipo dessas peças já está sendo construído pelo Senai, embora o governo brasileiro ainda
se tente trocar essa obrigação
pela fabricação de uma câmera
para um satélite americano.
Proposta semelhante à apresentada à AEB foi feita por
Pontes também ao IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço),
órgão da Força Aérea que trabalha principalmente no setor
de foguetes. No documento, o
coronel se oferece para assessorar projetos espaciais do instituto e intermediar negociações de cooperação internacional, como o do desenvolvimento do VLS-1 (Veículo Lançador
de Satélites) e seus sucessores.
Nos dois documentos, Pontes enfatiza que essa ajuda só
será possível se ele puder, em
paralelo, desenvolver projetos
na iniciativa privada.
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