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Equipe começa a testar novo soro
antiofídico em pó no Amazonas
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Médicos da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, órgão do governo estadual, iniciaram anteontem os testes com um
soro antiofídico em pó em pessoas mordidas por serpentes.
O soro em pó começou a ser desenvolvido pelo Instituto Butantan e pelo Instituto de Biologia do
Exército Brasileiro, em 2000. A
medicação tem ação trivalente,
neutralizando o efeito do veneno
da jararaca, da surucucu e da cascavel, e deve ser usada principalmente em pessoas acidentadas
em regiões de difícil acesso.
Segundo o capitão-médico infectologista Iran Mendonça, 43,
do Instituto de Biologia do Exército, o soro antiofídico em pó não
precisa de refrigeração (o soro
atualmente em uso precisa ser
mantido entre 2 e 8C), resiste
em temperatura ambiente de até
56C e tem validade de oito anos.
Como o soro é produzido a partir
de proteína de cavalo, é necessário que sua aplicação seja acompanhada por um médico.
O primeiro paciente a passar
pelos testes com o soro antiofídico em pó foi um índio de 19 anos
da etnia waimiri-atroari, morador
da aldeia do rio Alalaú, 250 quilômetros ao norte de Manaus. Ele
recebeu o soro anteontem, no
pronto atendimento da Fundação
de Medicina Tropical, dez horas
após ter sido mordido por uma jararaca na aldeia, que fica na fronteira do Amazonas com Roraima.
O soro antiofídico em pó usado
no índio waimiri-atroari foi produzido pelo Instituto Butantan a
partir dos venenos das serpentes
injetados nos cavalos do Instituto
de Biologia do Exército. Dos cavalos, foram retirados em torno de
cinco litros de sangue para separação da parte sólida e líquida, o
plasma, no qual estão os anticorpos resistentes para neutralizar a
ação dos venenos. Com o plasma,
o Butantan fabrica o soro em pó
em um processo de purificação e
desidratação, ficando a sorologia
solidificada -isto é, em pó.
Para ser usado no paciente, o
soro em pó antiofídico é antes diluído em 13 ml de soro glicosado e
água destilada. O paciente recebe
o soro na veia. Segundo o infectologista Antônio Magela Tavares,
43, o índio waimiri-atroari apresentava estado clínico moderado
e por isso pode ingressar no projeto de testes. Eles são parte de um
ensaio clínico para regulamentar
pelo Ministério da Saúde a utilização de uma mesma substância, o
soro antiofídico, em uma nova
formulação, em pó.
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