São Paulo, quarta-feira, 06 de julho de 2005

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Equipe começa a testar novo soro antiofídico em pó no Amazonas

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Médicos da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, órgão do governo estadual, iniciaram anteontem os testes com um soro antiofídico em pó em pessoas mordidas por serpentes.
O soro em pó começou a ser desenvolvido pelo Instituto Butantan e pelo Instituto de Biologia do Exército Brasileiro, em 2000. A medicação tem ação trivalente, neutralizando o efeito do veneno da jararaca, da surucucu e da cascavel, e deve ser usada principalmente em pessoas acidentadas em regiões de difícil acesso.
Segundo o capitão-médico infectologista Iran Mendonça, 43, do Instituto de Biologia do Exército, o soro antiofídico em pó não precisa de refrigeração (o soro atualmente em uso precisa ser mantido entre 2 e 8C), resiste em temperatura ambiente de até 56C e tem validade de oito anos. Como o soro é produzido a partir de proteína de cavalo, é necessário que sua aplicação seja acompanhada por um médico.
O primeiro paciente a passar pelos testes com o soro antiofídico em pó foi um índio de 19 anos da etnia waimiri-atroari, morador da aldeia do rio Alalaú, 250 quilômetros ao norte de Manaus. Ele recebeu o soro anteontem, no pronto atendimento da Fundação de Medicina Tropical, dez horas após ter sido mordido por uma jararaca na aldeia, que fica na fronteira do Amazonas com Roraima.
O soro antiofídico em pó usado no índio waimiri-atroari foi produzido pelo Instituto Butantan a partir dos venenos das serpentes injetados nos cavalos do Instituto de Biologia do Exército. Dos cavalos, foram retirados em torno de cinco litros de sangue para separação da parte sólida e líquida, o plasma, no qual estão os anticorpos resistentes para neutralizar a ação dos venenos. Com o plasma, o Butantan fabrica o soro em pó em um processo de purificação e desidratação, ficando a sorologia solidificada -isto é, em pó.
Para ser usado no paciente, o soro em pó antiofídico é antes diluído em 13 ml de soro glicosado e água destilada. O paciente recebe o soro na veia. Segundo o infectologista Antônio Magela Tavares, 43, o índio waimiri-atroari apresentava estado clínico moderado e por isso pode ingressar no projeto de testes. Eles são parte de um ensaio clínico para regulamentar pelo Ministério da Saúde a utilização de uma mesma substância, o soro antiofídico, em uma nova formulação, em pó.


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