São Paulo, sexta-feira, 06 de julho de 2007

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POLÍTICA CIENTÍFICA

Ciência precisa ter aplicação, diz presidente eleito da SBPC

RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os cientistas brasileiros precisam se dedicar mais a encontrar aplicações para o conhecimento que produzem, e a utilidade faz, sim, parte da razão de ser da ciência, afirma o novo líder da maior agremiação de cientistas do país. "Essa utilização é fundamental para a sociedade compreender que ciência é importante e até para justificar os investimentos na ciência", disse à Folha o matemático Marco Antonio Raupp, eleito ontem presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).
Além de insistir na atuação dos cientistas para que a inovação cresça o Brasil, Raupp venceu a eleição batendo na tecla da descentralização do sistema brasileiro de ciência e tecnologia. "Veja, por exemplo, os desafios que temos para o conhecimento da Amazônia, do semi-árido e do Pantanal, regiões importantíssimas para o país chegar a um modelo de desenvolvimento auto-sustentável", diz. "Tem de descentralizar, mas agindo sempre cooperativamente com os centros que já têm tradição e qualidade. A SBPC tem batalhado por isso."
Com o apoio do atual presidente da entidade, Ennio Candotti, Raupp venceu o farmacólogo Renato Balão Cordeiro numa eleição disputada. Após um inédito empate, o matemático ganhou um segundo turno com uma diferença de apenas 15 votos (544 a 529).
Raupp afirma que não falta peso à SBPC para influenciar os rumos do país. "Não concordo que a SBPC esteja menos ativa que antigamente", diz, rebatendo uma crítica freqüente. "O que acontece é que ela não tem tanto destaque quanto teve na época da luta pela democratização, quando tinha uma posição contra o regime e ganhou as páginas dos jornais."
Em sua defesa da inovação e da ciência aplicada, Raupp afirma que os cientistas também têm responsabilidade. "A Lei de Inovação [que incentiva empresas a desenvolver tecnologia] vem no sentido de estimular a área, mas qualquer pessoa com experiência também sabe que não dá para resolver a coisa por decreto", afirma. "É preciso praticar as idéias que estão dentro desses códigos legais e explorar isso."


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