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POLÍTICA CIENTÍFICA
Ciência precisa ter aplicação, diz presidente eleito da SBPC
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os cientistas brasileiros
precisam se dedicar mais a
encontrar aplicações para o
conhecimento que produzem, e a utilidade faz, sim,
parte da razão de ser da ciência, afirma o novo líder da
maior agremiação de cientistas do país. "Essa utilização é
fundamental para a sociedade compreender que ciência
é importante e até para justificar os investimentos na
ciência", disse à Folha o matemático Marco Antonio
Raupp, eleito ontem presidente da SBPC (Sociedade
Brasileira para o Progresso
da Ciência).
Além de insistir na atuação dos cientistas para que a
inovação cresça o Brasil,
Raupp venceu a eleição batendo na tecla da descentralização do sistema brasileiro
de ciência e tecnologia. "Veja, por exemplo, os desafios
que temos para o conhecimento da Amazônia, do semi-árido e do Pantanal, regiões importantíssimas para
o país chegar a um modelo
de desenvolvimento auto-sustentável", diz. "Tem de
descentralizar, mas agindo
sempre cooperativamente
com os centros que já têm
tradição e qualidade. A SBPC
tem batalhado por isso."
Com o apoio do atual presidente da entidade, Ennio
Candotti, Raupp venceu o
farmacólogo Renato Balão
Cordeiro numa eleição disputada. Após um inédito empate, o matemático ganhou
um segundo turno com uma
diferença de apenas 15 votos
(544 a 529).
Raupp afirma que não falta peso à SBPC para influenciar os rumos do país. "Não
concordo que a SBPC esteja
menos ativa que antigamente", diz, rebatendo uma crítica freqüente. "O que acontece é que ela não tem tanto
destaque quanto teve na
época da luta pela democratização, quando tinha uma
posição contra o regime e ganhou as páginas dos jornais."
Em sua defesa da inovação
e da ciência aplicada, Raupp
afirma que os cientistas também têm responsabilidade.
"A Lei de Inovação [que incentiva empresas a desenvolver tecnologia] vem no
sentido de estimular a área,
mas qualquer pessoa com
experiência também sabe
que não dá para resolver a
coisa por decreto", afirma.
"É preciso praticar as idéias
que estão dentro desses códigos legais e explorar isso."
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