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São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2003

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ESPAÇO

Agência espacial americana seleciona sonda a ser enviada até o pólo Norte marciano em busca de traços de vida

Nasa quer explorar gelo de Marte em 2008

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após uma acirrada disputa entre quatro projetos, a Nasa (agência espacial dos EUA) anunciou a missão escolhida para ir a Marte em 2007. Com chegada marcada para o ano seguinte, a nave eleita pode enviar os sinais mais claros de possibilidade de vida no planeta vermelho.
Apropriadamente, a nova sonda não-tripulada se chama Phoenix, e sua confecção representa a ressurreição definitiva do programa americano de exploração marciana, após a perda de duas sondas em 1999.
"A Phoenix é realmente um renascimento para a Mars Polar Lander e para a sonda originalmente planejada para 2001", diz Peter Smith, da Universidade do Arizona, líder do projeto que está sendo conduzido em parceria com a empresa americana Lockheed Martin e o Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (JPL).
Ele conta que vários instrumentos originalmente planejados para essas duas sondas perdidas estarão a bordo do novo projeto. A missão também voltará a usar um método mais preciso e seguro de aterrissagem, com retrofoguetes e pernas metálicas para o pouso, em vez dos sistemas de airbags usados nas últimas missões.
O local de aterrissagem também é uma reminiscência da Polar Lander -o pólo Norte marciano, mais especificamente uma região onde foi detectada grande quantidade de água congelada (no subsolo, mas perto da superfície) pela sonda Mars Odyssey. "Escolhemos o melhor lugar para investigar possibilidades da existência de vida na superfície", diz Smith.
Além de confirmar o achado da Odyssey, feito remotamente a partir da órbita marciana, a Phoenix deve procurar sinais de compostos orgânicos (em termos simples, as peças das quais a vida é feita) no gelo marciano. Seu braço robótico será capaz de escavar a até um metro de profundidade e de analisar as amostras obtidas.
Com a missão, Smith pretende obter as evidências mais concretas de que a vida ainda pode existir no planeta vermelho, observando a dinâmica da água congelada e sua possível presença temporária em estado líquido, durante o verão marciano.
Totalmente alimentada por painéis solares, a sonda ainda não vai empregar a tecnologia nuclear atualmente em desenvolvimento pela Nasa para missões de longa duração. Apesar disso, o projeto deve ter vida longa na superfície -cerca de cinco meses. O milagre é fácil de explicar. "Estaremos numa região próxima ao pólo, em que o Sol não se põe no verão", diz Smith. "Por isso poderemos fazer pesquisa todo esse tempo."
Embora vá procurar sinais de habitabilidade -ou seja, da possibilidade de organismos como os conhecidos na Terra sobreviverem em Marte-, a Phoenix ainda não deve trazer resposta para a grande pergunta, se há ou não vida no planeta vermelho. Para Smith, a resposta só começará a ser dada na próxima década, quando surgirem as primeiras missões de retorno de amostras da superfície marciana.
Aliás, é curioso notar que o programa original da Nasa previa a primeira missão de recuperação de amostras em 2005. O projeto acabou sendo extinto após a perda da Mars Polar Lander e da Mars Climate Orbiter. Agora o programa parece dar sinais de que está voltando aos trilhos, e as idéias mais ambiciosas começam a renascer das cinzas nos escritórios do programa de exploração marciana, assim como a ave fênix.
A nova sonda é a primeira do programa de naves batedoras ("scout missions") a serem enviadas a Marte -outras três estavam disputando essa posição, entre elas até um surpreendente aeroplano marciano. Smith acha que esses projetos acabarão tendo sua vez no futuro. Em razão da posição dos planetas, uma chance de enviar naves a Marte se abre a cada dois anos. O custo da Phoenix está orçado em US$ 325 milhões.

Casamento espacial
Não adiantaram as advertências da agência espacial russa: o cosmonauta Yuri Malenchenko, 41, que atualmente ocupa a ISS (Estação Espacial Internacional) com o astronauta Edward Lu, confirmou seu casamento à distância com a americana Ekaterina Dmitriev, 26, para o próximo domingo. A cerimônia acontecerá por telefone, e um advogado americano vai assinar por Malenchenko os papéis do casamento. A Nasa anunciou ontem que planeja retomar seus vôos do ônibus espacial a partir de março de 2004.


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