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ESPAÇO
Agência espacial americana seleciona sonda a ser enviada até o pólo Norte marciano em busca de traços de vida
Nasa quer explorar gelo de Marte em 2008
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após uma acirrada disputa entre quatro projetos, a Nasa (agência espacial dos EUA) anunciou a
missão escolhida para ir a Marte
em 2007. Com chegada marcada
para o ano seguinte, a nave eleita
pode enviar os sinais mais claros
de possibilidade de vida no planeta vermelho.
Apropriadamente, a nova sonda não-tripulada se chama Phoenix, e sua confecção representa a
ressurreição definitiva do programa americano de exploração
marciana, após a perda de duas
sondas em 1999.
"A Phoenix é realmente um renascimento para a Mars Polar
Lander e para a sonda originalmente planejada para 2001", diz
Peter Smith, da Universidade do
Arizona, líder do projeto que está
sendo conduzido em parceria
com a empresa americana Lockheed Martin e o Laboratório de
Propulsão a Jato da Nasa (JPL).
Ele conta que vários instrumentos originalmente planejados para essas duas sondas perdidas estarão a bordo do novo projeto. A
missão também voltará a usar um
método mais preciso e seguro de
aterrissagem, com retrofoguetes e
pernas metálicas para o pouso,
em vez dos sistemas de airbags
usados nas últimas missões.
O local de aterrissagem também
é uma reminiscência da Polar
Lander -o pólo Norte marciano,
mais especificamente uma região
onde foi detectada grande quantidade de água congelada (no subsolo, mas perto da superfície) pela
sonda Mars Odyssey. "Escolhemos o melhor lugar para investigar possibilidades da existência
de vida na superfície", diz Smith.
Além de confirmar o achado da
Odyssey, feito remotamente a
partir da órbita marciana, a Phoenix deve procurar sinais de compostos orgânicos (em termos simples, as peças das quais a vida é
feita) no gelo marciano. Seu braço
robótico será capaz de escavar a
até um metro de profundidade e
de analisar as amostras obtidas.
Com a missão, Smith pretende
obter as evidências mais concretas de que a vida ainda pode existir no planeta vermelho, observando a dinâmica da água congelada e sua possível presença temporária em estado líquido, durante o verão marciano.
Totalmente alimentada por painéis solares, a sonda ainda não vai
empregar a tecnologia nuclear
atualmente em desenvolvimento
pela Nasa para missões de longa
duração. Apesar disso, o projeto
deve ter vida longa na superfície
-cerca de cinco meses. O milagre é fácil de explicar. "Estaremos
numa região próxima ao pólo, em
que o Sol não se põe no verão", diz
Smith. "Por isso poderemos fazer
pesquisa todo esse tempo."
Embora vá procurar sinais de
habitabilidade -ou seja, da possibilidade de organismos como os
conhecidos na Terra sobreviverem em Marte-, a Phoenix ainda
não deve trazer resposta para a
grande pergunta, se há ou não vida no planeta vermelho. Para
Smith, a resposta só começará a
ser dada na próxima década,
quando surgirem as primeiras
missões de retorno de amostras
da superfície marciana.
Aliás, é curioso notar que o programa original da Nasa previa a
primeira missão de recuperação
de amostras em 2005. O projeto
acabou sendo extinto após a perda da Mars Polar Lander e da
Mars Climate Orbiter. Agora o
programa parece dar sinais de
que está voltando aos trilhos, e as
idéias mais ambiciosas começam
a renascer das cinzas nos escritórios do programa de exploração
marciana, assim como a ave fênix.
A nova sonda é a primeira do
programa de naves batedoras
("scout missions") a serem enviadas a Marte -outras três estavam
disputando essa posição, entre
elas até um surpreendente aeroplano marciano. Smith acha que
esses projetos acabarão tendo sua
vez no futuro. Em razão da posição dos planetas, uma chance de
enviar naves a Marte se abre a cada dois anos. O custo da Phoenix
está orçado em US$ 325 milhões.
Casamento espacial
Não adiantaram as advertências
da agência espacial russa: o cosmonauta Yuri Malenchenko, 41,
que atualmente ocupa a ISS (Estação Espacial Internacional) com o
astronauta Edward Lu, confirmou seu casamento à distância
com a americana Ekaterina Dmitriev, 26, para o próximo domingo. A cerimônia acontecerá por
telefone, e um advogado americano vai assinar por Malenchenko
os papéis do casamento. A Nasa
anunciou ontem que planeja retomar seus vôos do ônibus espacial
a partir de março de 2004.
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