São Paulo, sábado, 06 de agosto de 2011

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Submarinos iniciam nova corrida ao fundo do mar

Nau chinesa e aparelhos privados explorarão abismos do oceano Pacífico

Interesse em riquezas minerais, turismo e investigação de águas desconhecidas movem os novos projetos

DE SÃO PAULO

Em nome do crescimento econômico, da ciência e até do turismo de aventura para milionários, uma nova leva de veículos está se preparando para descer às regiões mais profundas do mar.
No fim do mês passado, a China fez com sucesso o mergulho de teste do Jiaolong, submarino batizado em homenagem a um dragão aquático da mitologia chinesa.
Com cerca de 8 m de comprimento e tripulação de três pessoas, o Jiaolong chegou a 5.000 m de profundidade no oceano Pacífico. Foi só um aquecimento: a meta do governo chinês é atingir abismos de 7 km, o que daria ao país acesso a 99% do leito marinho do mundo.
Isso deve acontecer já no ano que vem, afirmou Wang Fei, vice-diretor da Administração Estatal Oceânica da China, que coordena o plano.
O aparelho coloca a China no time de países com acesso tripulado ao oceano profundo, ao lado de naus lendárias, como as americanas Alvin e Trieste (confira outros submarinos à direita).
Nesta semana, os chineses aproveitaram também para conseguir permissão da Autoridade Internacional do Leito Marinho para procurar sulfetos polimetálicos -minerais formados por enxofre e por metais como chumbo, cobre, zinco e prata- no fundo do oceano Índico.
A riqueza mineral é um atrativo óbvio para os chineses, até porque o fundo do mar é uma das potenciais ameaças ao monopólio da China na extração das chamadas terras raras, elementos químicos essenciais para a moderna indústria de computadores e smartphones.
A lama do fundo do Pacífico, mostrou levantamento recente da Universidade de Tóquio na revista "Nature Geoscience", tem potencial para atender toda a demanda mundial por terras raras.
Bastaria trazer essa lama para a superfície e tratá-la com ácido, de maneira a extrair as terras raras, como lantânio, cério e itérbio. Ainda há dúvidas, porém, sobre a viabilidade econômica e o impacto ambiental se esse tipo de operação for comum.

LUXO E SOFISTICAÇÃO
Os interesses do bilionário britânico Richard Branson, do grupo de empresas Virgin, são menos industriais. O que ele quer é implantar o turismo de altíssimo luxo nas profundezas, a exemplo do que ele já está fazendo com o turismo espacial.
Seu primeiro projeto parece um aviãozinho de asas curtas e mede cerca de 6 m. Por enquanto, carrega apenas uma pessoa e deve ser testado ainda neste ano.
Outros magnatas afirmam ter intenções menos mundanas ao explorar a fronteira oceânica. É o caso de James Cameron, diretor do filme "Avatar" (e também da aventura submarina "O Segredo do Abismo") e do executivo do Google Eric Schmidt.
Ambos estão patrocinando esforços para criar naus que desçam até a Challenger Deep, ponto mais fundo da fossa das Marianas (Pacífico) -e dos oceanos da Terra.
Os submarinos ficariam disponíveis para a comunidade científica mundial.

Com "New York Times"


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