São Paulo, quinta-feira, 06 de outubro de 2011

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Macaco usa braço virtual para sentir objetos

Pesquisa foi comandada por médico brasileiro; objetivo é aplicação em próteses humanas

Katie Zhuang/Universidade Duke
Macaco controla braço virtual e sente seus estímulos táteis

GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO

Um time de pesquisadores liderado pelo brasileiro Miguel Nicolelis, neurocientista da Universidade Duke (EUA), alcançou um feito inédito: macacos experimentaram as sensações táteis de um braço virtual controlado apenas pela força da mente.
Se a tecnologia também funcionar em seres humanos, ela promete ser uma revolução na criação de próteses, uma vez que a falta de um "feedback" das sensações dos membros artificiais é uma das principais dificuldades para a adaptação dos pacientes.
Em muitos exemplos de próteses de mãos e braços, por exemplo, é comum que os usuários derrubem ou quebrem os objetos que seguram. Para criar esse "tato artificial", os pesquisadores inseriram pequenos eletrodos no cérebro de duas macacas.
Um dos grupos de eletrodos ficava no córtex motor. Como o próprio nome diz, é a área responsável pelos movimentos voluntários. O outro foi inserido no córtex somatossensorial, que processa os estímulos recebidos por células sensíveis do corpo, inclusive as da pele.
Os animais foram treinados para usar uma espécie de jogo de computador, explorando o ambiente com um braço virtual visto na tela. Em momento algum eles usaram seus próprios membros.
Os eletrodos posicionados no córtex motor registraram as intenções dos macacos de mover o braço e repassaram essas informações para o mundo virtual.
Enquanto as mãos na tela tateavam os objetos, sinais elétricos eram enviados ao córtex somatossensorial, dando uma resposta "tátil" a essas ações.
Os bichos puderam perceber diferenças na superfície dos botões virtuais.

COISA DE FICÇÃO
Logo após a divulgação do estudo, publicado na "Nature", houve uma associação dessa tecnologia com o filme "Avatar", em que humanos controlam à distância uma versão ET de seus corpos.
Embora isso ainda esteja bem longe da realidade, o estudo está inserido no projeto "Walk Again", que pretende fazer pessoas que perderam os movimentos voltarem a andar com o uso de esqueletos robóticos externos.
"No futuro será possível que pacientes tetraplégicos aproveitem essa tecnologia não apenas para mover seus braços e mãos e voltar a andar, mas também para sentir a textura de objetos colocados em suas mãos, ou perceber detalhes táteis das superfícies em que passeiam com a ajuda de um exoesqueleto robótico", divulgou o projeto em comunicado.


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