São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2005

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PRATA DA CASA

O BRASIL É UM DOS 30 PAÍSES DO MUNDO QUE MAIS PRODUZEM CIÊNCIA. NESTA EDIÇÃO, CINCO JOVENS PESQUISADORES ILUSTRAM A MELHOR FACE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NACIONAL

DA REDAÇÃO

Eles são pessoas totalmente diferentes, mas com algo em comum. Nasceram em lugares distintos, como as praias de Recife, o Planalto Central e até uma mina de níquel em Minas Gerais. Chegaram à carreira científica por vias igualmente díspares -um deles até mesmo perseguindo escritos de um poeta. Todos têm menos de 35 anos e já acumulam grandes feitos, viagens de descoberta que vão dos desertos do genoma humano aos ermos do planeta Marte.
O que você vai ler a seguir são os perfis de cinco jovens cientistas brasileiros, em atividade no país ou no exterior, cujo trabalho tem se destacado em suas áreas em forma de publicações em periódicos importantes, como "Nature" e "Science", de cargos ou financiamentos para pesquisa em universidades ou, em pelo menos um caso, numa empresa.
Diga-se de saída que se trata de uma amostra do que a ciência brasileira tem de melhor, não se trata de uma compilação exaustiva ou um "ranking". O número de citações, um indicador comum de realização acadêmica, tem pouca utilidade numa comparação entre disciplinas díspares, como a neurobiologia e a paleontologia de vertebrados. O principal critério unificador dos perfilados foi a idade, entre 25 e 35 anos -critério este usado, também de forma um tanto arbitrária, pela revista "Tecnology Review", do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), EUA, em sua compilação anual dos cem jovens inovadores que sacodem a cena tecnocientífica norte-americana.
Outro ponto em comum é o caráter internacional -talvez com pelo menos um caso flagrante de fuga de cérebros- do quinteto reunido nesta edição. Todos cursaram ou cursam pós-graduação fora do Brasil e devem a essa experiência boa parte do impacto acadêmico que estão tendo hoje. Até aí, nada de mais: a ciência altamente conectada e competitiva do século 21 é essencialmente um empreendimento transnacional, e é saudável que um intercâmbio desse tipo aconteça. Fica patente, porém, a falta de uma política consistente para que a volta para casa esteja garantida, ainda que três dos perfilados tenham feito essa jornada ou estejam prestes a fazê-la.
Essa nota mais desesperançosa não deve ocultar o fato de que alguns dos principais desafios da ciência das próximas décadas estão sendo encarados de frente pela geração de pesquisadores brasileiros aos quais pertencem os personagens desta edição. Das complexidades do sono e dos sonhos aos abismos do tempo geológico, o céu é o limite -se não faltar o financiamento de todo dia.


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