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PRATA DA CASA
O BRASIL É UM DOS 30 PAÍSES DO MUNDO QUE MAIS PRODUZEM CIÊNCIA. NESTA EDIÇÃO, CINCO JOVENS PESQUISADORES ILUSTRAM A MELHOR FACE DA PRODUÇÃO
CIENTÍFICA NACIONAL
DA REDAÇÃO
Eles são pessoas totalmente diferentes, mas com algo em comum. Nasceram em lugares
distintos, como as praias de
Recife, o Planalto Central e até uma
mina de níquel em Minas Gerais.
Chegaram à carreira científica por
vias igualmente díspares -um deles
até mesmo perseguindo escritos de
um poeta. Todos têm menos de 35
anos e já acumulam grandes feitos,
viagens de descoberta que vão dos
desertos do genoma humano aos ermos do planeta Marte.
O que você vai ler a seguir são os
perfis de cinco jovens cientistas brasileiros, em atividade no país ou no
exterior, cujo trabalho tem se destacado em suas áreas em forma de publicações em periódicos importantes, como "Nature" e "Science", de
cargos ou financiamentos para pesquisa em universidades ou, em pelo
menos um caso, numa empresa.
Diga-se de saída que se trata de
uma amostra do que a ciência brasileira tem de melhor, não se trata de
uma compilação exaustiva ou um
"ranking". O número de citações,
um indicador comum de realização
acadêmica, tem pouca utilidade numa comparação entre disciplinas
díspares, como a neurobiologia e a
paleontologia de vertebrados. O
principal critério unificador dos perfilados foi a idade, entre 25 e 35 anos
-critério este usado, também de
forma um tanto arbitrária, pela revista "Tecnology Review", do MIT
(Instituto de Tecnologia de Massachusetts), EUA, em sua compilação
anual dos cem jovens inovadores
que sacodem a cena tecnocientífica
norte-americana.
Outro ponto em comum é o caráter internacional -talvez com pelo
menos um caso flagrante de fuga de
cérebros- do quinteto reunido nesta edição. Todos cursaram ou cursam pós-graduação fora do Brasil e
devem a essa experiência boa parte
do impacto acadêmico que estão
tendo hoje. Até aí, nada de mais: a
ciência altamente conectada e competitiva do século 21 é essencialmente um empreendimento transnacional, e é saudável que um intercâmbio desse tipo aconteça. Fica patente,
porém, a falta de uma política consistente para que a volta para casa esteja garantida, ainda que três dos
perfilados tenham feito essa jornada
ou estejam prestes a fazê-la.
Essa nota mais desesperançosa
não deve ocultar o fato de que alguns
dos principais desafios da ciência
das próximas décadas estão sendo
encarados de frente pela geração de
pesquisadores brasileiros aos quais
pertencem os personagens desta
edição. Das complexidades do sono
e dos sonhos aos abismos do tempo
geológico, o céu é o limite -se não
faltar o financiamento de todo dia.
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