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BIOTECNOLOGIA
Rascunho com 96% do genoma do animal estará disponível ao público e deve ajudar a combater doenças
Consórcio decifra o DNA do camundongo
DA REDAÇÃO
Uma equipe internacional de
pesquisadores anunciou ontem a
conclusão de um rascunho da sequência genética do camundongo
(Mus musculus), um feito que deve trazer conhecimentos importantes sobre a constituição do
próprio DNA humano, que compartilha boa parte de seu conteúdo com o do animal.
O trabalho foi realizado por
cientistas do Wellcome Trust
Sanger Institute, do Reino Unido,
do Whitehead Institute, nos Estados Unidos, e da Universidade
Washington em Saint Louis, também nos EUA.
O consórcio público, cujos principais participantes lideraram o
sequenciamento do genoma humano, obteve até agora 96% do
código genético do animal, enquanto a empresa Celera Genomics, em maio do ano passado,
publicou um rascunho que tinha
99% do DNA do camundongo. Os
dados da Celera, no entanto, são
mantidos numa base de dados cujo acesso é pago, enquanto o o
consórcio disponibilizará seus
dados gratuitamente.
O genoma do roedor contém
cerca de 30 mil genes, valor próximo ao estimado para o ser humano, embora com um número 15%
menor de pares de bases, as "letras" químicas do DNA: 2,7 bilhões, distribuídas por 20 pares de
cromossomos.
De acordo com Eric Lander, diretor do Centro de Pesquisa Genômica do Whitehead Institute,
humanos e camundongos descendem de um ancestral comum
que viveu há 100 milhões de anos,
na época dos dinossauros. Essa
distância evolutiva permite que as
duas espécies compartilhem os
genes mais importantes, afirma.
"O genoma do camundongo é
um capítulo muito importante do
caderno de notas da evolução. Ser
capaz de ler esse caderno e comparar a informação genômica das
duas espécies nos dará informações importantes sobre nós mesmos", diz Lander. "Se sequências
de DNA específicas foram preservadas pela evolução ao longo de
milhões de anos, elas devem ser
funcionalmente importantes."
Potencial terapêutico
Essa comparação evolutiva deverá ter aplicações práticas para o
entendimento e tratamento de
problemas do organismo humano, dizem os cientistas.
"Estamos trabalhando com um
grupo internacional de especialistas para explorar o conteúdo da
sequência e usá-la para melhorar
nossa compreensão do genoma
humano", afirma Robert Waterston, diretor de pesquisa genômica
da Universidade Washington.
"Para a maioria das moléstias
humanas, do câncer às doenças
auto-imunes, dados importantes
vieram do estudo de camundongos como modelo clínico. O rascunho da sequência genética do
animal vai acelerar a identificação
precisa da contribuição genética
para esses males", ressaltam os
pesquisadores.
A aplicação desse conhecimento deve ser facilitada pelo muito
que já se conhece a respeito da
conformação genética dos camundongos, utilizados para as
mais variadas pesquisas por laboratórios do mundo todo.
Embora tenham apresentado
seus dados um ano depois da Celera Genomics, os pesquisadores
do consórcio ressaltaram a confiabilidade de seu sequenciamento, que determinou sete vezes a
posição de cada "letra" do DNA
dos camundongos.
"A qualidade da sequência-rascunho excede em muito as expectativas originais do consórcio para esse estágio e foi completada
muito antes do que se esperava
originalmente", afirmou um porta-voz dos institutos de pesquisa.
Com "The Independent" e agências
internacionais
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