São Paulo, sexta-feira, 07 de junho de 2002

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Ministro vê retrocessos na Rio +10

Moacyr Lopes Junior - 15.mai.2002/Folha Imagem
O ministro José Carlos Carvalho durante reunião em São Paulo


DA REDAÇÃO

O ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, disse ontem que estava desapontado com o progresso dos preparativos para a Rio +10, conferência das Nações Unidas sobre ambiente e desenvolvimento sustentável que começa em agosto na África do Sul.
"O processo de negociação é difícil. Eu tinha melhores expectativas", disse Carvalho de Bali, Indonésia, onde chefia a delegação brasileira na última reunião preparatória para a Rio +10.
Segundo o ministro, os países desenvolvidos estavam querendo "armar um retrocesso" nas negociações para a conferência, que tem como objetivo implantar as recomendações rumo à sustentabilidade feitas pela Agenda 21, documento-chave da Eco-92.
"Os países desenvolvidos, liderados pelos EUA, queriam reabrir a discussão de conceitos e compromissos que já estavam definidos [pela Eco-92"", disse.
O principal desses conceitos é o das responsabilidades comuns mas diferenciadas, uma das maiores conquistas da cúpula do Rio nas relações entre Norte e Sul. Segundo o preceito, os países desenvolvidos precisam arcar mais com os ônus da degradação ambiental que os pobres, embora o ambiente seja responsabilidade de todos.
Esse princípio norteia o Protocolo de Kyoto, que dá apenas às nações industrializadas metas de redução de gases que causam o efeito estufa. Os EUA nunca aceitaram o conceito -para eles, grandes emissores do Terceiro Mundo também deveriam cortar as descargas de gases- e tentaram mudá-lo em Bali.
"Em vez de gastar nossas energias para definir a implementação dos compromissos do Rio, estávamos evitando retrocessos", afirmou o ministro.
Organizações ambientalistas como o Greenpeace também denunciaram o movimento.
As diferenças entre o bloco dos ricos e o dos pobres só começaram a ser atenuadas na manhã de ontem (noite na Indonésia), quando os ministros da União Européia aceitaram se reunir com os do G-77 (o bloco dos países pobres) para discutir propostas relativas a comércio e finanças.
A questão divide Primeiro e Terceiro mundos desde a conferência do Rio. Os pobres exigem que a ajuda financeira oficial seja de 0,7% do PIB dos ricos, compromisso acertado em 1992 e nunca cumprido. "Na conversa de hoje, deixamos claro que os princípios do Rio são definitivos", afirmou o ministro. (CA)


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