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Filho de Cousteau refaz documentário
Jean-Michel, que assumiu comando sobre equipe do pai Jacques Cousteau, volta à Amazônia para filmar 25 anos depois
Oceanógrafo diz que quer
aproveitar as duas viagens
que fará à região para colher
dados científicos e compará-
los com cenário de 1981
REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL
Agora é oficial: Jean-Michel
Cousteau, filho do legendário
oceanógrafo francês Jacques
Cousteau, vai voltar a explorar
a Amazônia, 25 anos depois da
jornada que fez com seu pai pela maior rede fluvial do planeta.
Na última sexta, em São Paulo, Cousteau recebeu a confirmação do financiamento para o
projeto e disse que pretende
produzir dois documentários
sobre a jornada. O anúncio foi
feito em entrevista coletiva na
sede paulistana da Dow, fabricante de produtos químicos
que patrocina a atual série de
programas de Cousteau na televisão americana e financiará
seu retorno à Amazônia.
"Ainda não sabemos exatamente qual será o roteiro da
viagem nem o que iremos encontrar", diz Cousteau. "Queremos documentar as mudanças que afetaram o sistema fluvial da Amazônia nesses 25
anos e verificar se as previsões
feitas pelos cientistas naquela
época se tornaram realidade",
completa Richard Murphy,
biólogo marinho americano e
membro da equipe original dos
Cousteaus, que também retornará aos rios amazônicos.
A jornada servirá também
para extrair dados científicos
sobre a região. "Queremos trabalhar com cientistas brasileiros, como nossos colegas do Inpa [Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia], para alcançar esse objetivo", diz.
O plano é fazer duas visitas:
uma em outubro deste ano e
outra em março do ano que
vem, de forma que a equipe
consiga examinar a floresta
tanto na estação chuvosa quanto na seca. O primeiro dos documentários poderia ser exibido no começo de 2007 nos
EUA, "e por que não ao mesmo
tempo no Brasil?", diz Cousteau, ressaltando, ao mesmo
tempo, que isso dependerá do
interesse de emissoras no país.
"Uma coisa que nós certamente não faremos será ir até
as nascentes do Amazonas nos
Andes. Nós somos gente do
mar, nunca passamos tanto
aperto quanto lá em cima", ri-se o explorador francês, lembrando que, entre outros contratempos, as lhamas da equipe
fugiram montanha abaixo e a
equipe acordou com um forte
cheiro de comida no meio da
noite. "Nossos fogareiros não
funcionavam por falta de oxigênio para queimar o querosene.
Então, Dick [Richard Murphy]
resolveu descongelar nossa comida de astronauta aquecendo-a entre suas pernas", conta
ele. "O problema é que os franceses eram tão enjoados e tão
acostumados com boa comida
que não queriam saber daquela
gororoba. Acabou que eu consegui comer e eles ficaram com
fome", rebateu Murphy.
Além da Amazônia, a equipe
de Cousteau obteve financiamento para mais seis episódios
de sua série: dois sobre o Mississipi, o maior rio da América
do Norte, um sobre orcas, outro
sobre belugas (parentes dos
golfinhos), um sobre crustáceos e outro ainda indefinido.
Cousteau, que é um dos principais ativistas pró-ambiente
do mundo hoje e chegou até a
fazer uma participação especial
no DVD do desenho animado
"Procurando Nemo" para falar
sobre o risco do aquecimento
global (veja texto à dir.), diz ver
sinais de esperança na luta contra o descontrole do efeito estufa. "Embora o governo dos EUA
não tenha assinado o Protocolo
de Kyoto, há movimentos como os de prefeitos das principais cidades americanas, que
estão fixando metas próprias
para reduzir emissões. Temos
de participar desse processo
com críticas construtivas, e não
apenas protestando", disse.
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