São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2008

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Filhote em recuperação será solto neste ano

Carolina Ramos/IDSM
Piti Aranapu com seus tratadores, na reserva de Mamirauá

DA REPORTAGEM LOCAL

Piti Aranapu, um filhote de peixe-boi-da-Amazônia resgatado com um ferimento provocado por arpão e diversas escoriações pelo corpo, no ano passado, está em recuperação e deve ser devolvido ao ambiente no final deste ano.
Ele foi encontrado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e, agora, está num recinto "seminatural" -uma piscina dentro do lago Amanã, na reserva de mesmo nome. Piti toma mamadeira (mistura de leite de soja e de vaca, óleo vegetal e complementação vitamínica) e também ingere plantas aquáticas.
O peixe-boi está num centro de reabilitação comunitário, que funciona com a participação de moradores da área. A idéia é que, ao conviver com o animal, ocorra a conscientização da necessidade de preservar a espécie -e a caça diminua. "Quando chegou, ele era brigão, derrubava os pesquisadores", conta Miriam Marmontel, do IDSM. O animal, antes de ser solto, receberá um cinto com radiotransmissor para ser acompanhado.
"No começo, ele mamava cinco vezes por dia e, agora, mama uma vez. Procuramos replicar o que acontece no ambiente natural", afirma.
Jone César Fernandes, ecólogo e diretor-executivo da Ampa (Associação Amigos do Peixe-Boi), diz que a entidade recebe filhotes o ano todo. "Alguns feridos por caçadores, outros por redes de pesca. Já recebemos animais com cortes profundos de facão na cabeça, com cauda e nadadeira cortada ou sofrendo de inanição", conta. Segundo ele, muitas vezes as mães foram caçadas e o animal acaba sendo resgatado por algum ribeirinho.
"Sabemos que atualmente a população do peixe-boi-da-Amazônia está muito abaixo da de décadas atrás, quando a exploração comercial da espécie foi mais intensa, principalmente entre a década de 1930 e a de 1950. Estima-se que nesta época tenham sido caçados cerca de 200 mil [animais]."

Proibição
A caça do peixe-boi foi proibida por lei federal em 1967, mas a captura persiste, em menor escala. "Além da caça, outros fatores que ameaçam a espécie são a destruição de seu habitat natural, o desmatamento da mata ciliar e a diminuição na disponibilidade de alimento", afirma. Hidrelétricas também atuam como barreiras e isolam populações. (AB)


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