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Rio proíbe, por engano, estudo com animal
Câmara Municipal enviou versão errada de projeto de lei ao prefeito Cesar Maia, que o sancionou
LUISA BELCHIOR
DA SUCURSAL DO RIO
Por um erro assumido ontem
pela Câmara Municipal do Rio,
o prefeito Cesar Maia (DEM)
sancionou um projeto de lei
proibindo pesquisas com animais na cidade.
O prefeito não recebeu as
emendas adicionadas à lei, de
número 4.685/2007, que liberam as pesquisas com animais a
instituições e cientistas que
provarem, por meio de uma comissão de ética, que os animais
não estão sofrendo.
Segundo a diretoria de processamento da Câmara dos Vereadores do Rio, por causa de
"um período de acumulação de
projetos", as emendas não foram anexadas à redação final.
A Câmara afirmou que pediu
a anulação da lei ao prefeito Cesar Maia e vai hoje votar a versão com as emendas. O prefeito
disse que vai acatar o pedido.
O projeto original determina
multa de R$ 2.000 por animal
que sofrer "maus-tratos e
crueldades" como abandono
em vias públicas ou casas fechadas, espancamento e uso de
instrumentos cortantes e substâncias químicas e tóxicas.
As restrições, que estão em
vigor, inviabilizam as pesquisas
feitas atualmente com animais
no Rio, entre elas as de células-tronco, e a produção de vacinas
contra febre amarela.
Sem comentários
Em entrevista à Folha, por
email, o prefeito afirmou que
vai anular a lei e aguardar a nova versão da Câmara. Não quis
comentar, contudo, as críticas
feitas à sanção da primeira versão do projeto. "A Câmara me
informou que a lei é nula de
pleno direito pois a emenda
aprovada não foi incluída. Portanto, encaminharão o texto
correto imediatamente", disse.
O presidente da comissão de
ética da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Otávio Presgrave,
afirmou que, se a nova versão
do projeto garantir autonomia
para as pesquisas a partir do
crivo de comissões de ética, a
medida não incomodará a comunidade científica, porque,
segundo ele, as principais instituições do Rio já regulam as
pesquisas com animais pelos
códigos de ética internacionais.
Mas Presgrave declarou que
a comunidade, que se reuniu
ontem para discutir o projeto,
teme que nem as emendas garantam a liberdade para os trabalhos. Nesse caso seriam inviabilizadas pesquisas de doenças como a esquistossomose, as
que analisam se produtos interferem na formação de fetos,
além da produção de vacinas e
o controle de qualidade de produtos que estão no mercado.
"A comunidade científica
não é contra a regulamentação
do uso de animais em pesquisas, mas o consenso é que, onde
existe alternativa, não se usam
mais animais. Onde não há alternativa, os animais são usados de forma ética e respeitando guias internacionais", disse
o representante da Fiocruz.
Sofrimento
O vereador Cláudio Cavalcanti (DEM), autor do projeto
de lei, disse ontem que reconhece que a lei pode fazer com
que o Brasil perca dinheiro com
pesquisas, mas afirma que isso
é necessário para evitar o sofrimento dos animais.
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