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Clone de gado raro nasce nos Estados Unidos
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Biotecnólogos e ambientalistas
travaram uma rara aliança na semana passada para comemorar
um episódio singular: duas vacas
deram cria em Iowa, EUA. Os filhotes não são delas, mas clones
de outra espécie, o banteng, um tipo de gado ameaçado de extinção.
A realização é fruto de uma parceria entre a companhia de biotecnologia Advanced Cell Technology, de Massachusetts, o Centro Sioux, de Iowa, e o Centro para Reprodução de Espécies
Ameaçadas da Sociedade Zoológica de San Diego, na Califórnia.
Os dois nascimentos, ocorridos
em 1º e 3 de abril, marcam o início
de uma nova fase para um projeto
que já atraía interesse -o Frozen
Zoo (ou Zoológico Congelado, na
tradução para o português).
A idéia, iniciada em 1976, era
coletar e preservar criogenicamente (em baixas temperaturas)
amostras celulares de animais
ameaçados de extinção, com a esperança de estudá-los e, quem sabe, ressuscitá-los quando a tecnologia assim o permitisse.
Hoje, a coleção do Frozen Zoo,
que é coordenado pelo geneticista
Oliver Ryder, é a maior do mundo. São cerca de 1.800 amostras e
335 espécies diferentes com o material genético preservado.
O material vai desde os notórios
pandas e condores até os menos
conhecidos bantengs -parentes
asiáticos raros do gado comum
que estão à beira do esquecimento. Hoje há menos de 10 mil exemplares remanescentes.
A primeira tentativa de trazer
um membro do Frozen Zoo de
volta do mundo dos animais perdidos foi com um gauro, outra espécie rara de gado. Uma gravidez
acabou levando ao nascimento de
um animal, em 2001. O clone
morreu dois dias depois.
Os dois bantengs produzidos
em Iowa já viveram mais do que
isso. Um deles, nascido no dia 1º,
está em boa saúde. O segundo está mais debilitado. Mas Ryder não
arrisca palpite sobre qual deles
pode sobreviver. "Até mesmo o
que está bem pode mudar de condição da noite para o dia", diz.
A fase crítica para os dois animais é de duas a três semanas. Depois desse período, quem sobreviver será levado ao Zôo de San Diego, onde viverá com seus colegas
de espécie. A equipe não tem planos futuros de clonagem no momento. "Agora queremos ver como esses animais se comportam e
como se reproduzem", diz Ryder.
"Esse é um projeto para os próximos cinco ou seis anos."
Os dois filhotes, que ainda não
têm nome, são cópias genéticas
idênticas de um banteng macho
que morreu no Parque Selvagem
Animal de San Diego em 1980.
No início, a ACT preparou 30
óvulos de vaca, extraindo-lhes o
núcleo e fundindo-os com células
adultas preservadas do banteng
de San Diego. A fusão, feita com
ajuda de um choque elétrico, faz
com que o óvulo se comporte como se tivesse sido fertilizado, iniciando o processo de divisão celular e criando um embrião. Ele é
então implantado numa vaca, que
serve como barriga de aluguel.
Clonar animais continua sendo
uma tarefa difícil. Dos 30 embriões originais, 11 resultaram em
gravidez. Desses, só dois chegaram ao nascimento.
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