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Droga trata tumor avançado de próstata
Testes preliminares em 30 pacientes mostraram que substância reduziu proteína associada à metade ao tumor em 43% deles
Resultado de ensaio clínico
inicial será relatado nesta
semana na revista "Science';
droga já está sendo testada
em grupo maior de pessoas
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma droga conhecida como
MDV310 obteve bons resultados contra o câncer avançado
da próstata e agora será testada
em maior escala. Resultados
ainda bastante preliminares
com 30 homens estão descritos
em artigo na revista "Science" a
ser publicado on-line na sexta-feira; outros 110 pacientes estão agora em tratamento, e os
resultados deverão aparecer
mais tarde.
O câncer de próstata pode ser
detectado pelo grau elevado de
uma proteína no sangue, o PSA
(antígeno prostático específico). Os pesquisadores, liderados por Charles Sawyers, do
Centro do Câncer Memorial
Sloan-Kettering, de Nova York,
relatam que "22 pacientes tiveram um declínio sustentado
dos níveis de PSA no plasma
sanguíneo por pelo menos 12
semanas, e em 13 desses pacientes o decréscimo de PSA foi
maior que 50%".
"É um resultado animador,
mas apenas para nós da comunidade científica. Nada estará
disponível para os pacientes
antes de alguns bons anos", disse à Folha o urologista Stênio
Zequi, do Hospital A. C. Camargo, de São Paulo.
A nova droga, disse o médico,
poderá ser no futuro uma alternativa para o tratamento de casos avançados. "Mas várias
perguntas ainda podem ser feitas. Ela será útil no longo prazo? Quantos pacientes responderão de forma adequada?"
O estudo agora publicado é
da chamada fase 1-2, na qual se
procura descobrir a segurança
e a eficácia da nova droga em
seres humanos. A companhia
farmacêutica Medivation recebeu permissão da Administração de Alimentos e Fármacos
(FDA) para começar os testes
de fase 3, para a avaliação final
da droga, em 1.200 pacientes.
As duas drogas descritas no
artigo, MDV3100 e RD162, têm
ação antiandrogênica, isto é,
elas impedem que o hormônio
masculino testosterona (um
androgênio) estimule o crescimento das células do tumor. "A
testosterona a energia do câncer de próstata", diz Zequi.
Em testes em células e em
camundongos, as novas substâncias demonstraram ser capazes de atacar mesmo as células mais sensibilizadas pelos
hormônios, que resistem às terapias atuais, como a droga antiandrogênica bicalutamida.
Na célula, quando a testosterona entra em contato com outra substância natural, receptora, esta última se move para o
núcleo da célula, gruda no DNA
e estimula o crescimento celular. As drogas antiandrogênicas
agem impedindo essa mudança
para o núcleo, mas há casos
graves da doença em que o medicamento não consegue impedir que a ligação celular ocorra.
Após um processo de supressão androgênica primária, diz
Zequi, os níveis de testosterona
caem bastante. Mas o que se vê
hoje é que a doença consegue
adaptar-se ao novo cenário e
avançar mesmo assim.
Sawyers descobriu que as células cancerígenas da próstata
produzem uma grande quantidade do receptor de androgênio. Outro autor do estudo, Michael Jung, da Universidade da
Califórnia em Los Angeles, encarregou-se de sintetizar várias
moléculas capazes de se ligar
ao receptor celular.
A MDV3100 obteve sucesso
em pacientes que não estavam
tendo resultados com tratamentos hormonais ou quimioterapia.
(RICARDO BONALUME NETO e EDUARDO GERAQUE)
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