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São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

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TECNOLOGIA

Protótipo de display flexível tem 0,3 milímetro de espessura e resolução similar à de monitores de computador

Empresa promete papel digital para 2004

Divulgação Joanna Au/Yu Chen/Nature
Técnico curva protótipo de papel eletrônico da empresa E Ink


SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O futuro da imprensa pode estar encerrado numa folha retangular de 6 cm x 4 cm, menor que um cartão de visitas, guardada a sete chaves num escritório em Cambridge, Massachusetts, nos Estados Unidos. Trata-se de um protótipo de papel eletrônico, com resolução similar à de um monitor de computador. Segundo o fabricante, ele pode ganhar o mercado a partir do ano que vem.
A evolução da tecnologia capaz de aposentar o papel tradicional em muitas das funções nas quais hoje ele é empregado está avançando a passos largos. Em 2001, a companhia Lucent Technologies havia apresentado um modelo bem mais simples, com 16 x 16 "pixels". "Pixel" é o termo usado em informática para designar um ponto na tela -o "átomo" de que são feitas as imagens digitais.
O novo modelo, criado pela empresa E Ink e revelado hoje em um estudo publicado na revista científica britânica "Nature" (www. nature.com), tem resolução muito maior: 240 x 160 "pixels", com resolução de 96 dpi (pontos por polegada, medida-padrão em computadores), que é maior que a dos monitores mais comuns.
Há dois anos, a Lucent imaginava que o papel digital poderia atingir o mercado em 2006. A E Ink é mais otimista. Segundo seus dirigentes, pode ser que entre 2004 e 2005 a tecnologia já tenha deixado a fase de protótipo para encontrar aplicações comerciais.
"O papel eletrônico poderia servir para livros, jornais, cartões de crédito inteligentes, documentos de identidade inteligentes", diz Yu Chen, primeiro autor do estudo publicado hoje na "Nature".
Sua companhia entende do riscado. Fundada em 1997 pelos mesmos pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) que desenvolveram a tinta eletrônica, ela trabalha desde então na invenção de dispositivos que tenham a capacidade de uma tela de computador e a flexibilidade de um pedaço de papel.
O sistema ainda não é como papel. É possível curvar o cartão até o diâmetro de 1,5 cm, mas não dobrá-lo por completo. A espessura é de 0,3 milímetro (equivalente a três fios de cabelo), mas ainda maior que a da maioria dos modelos convencionais de papel.
A troca de imagens no sistema exige um quarto de segundo para ocorrer, ritmo bom para documentos impressos, mas inadequado para as aplicações multimídia dos monitores convencionais, como a exibição de vídeos.
A tinta especial do papel eletrônico está contida em pequenas cápsulas, que correspondem aos "pixels". Fica preta ou branca dependendo da corrente elétrica induzida naquele ponto.
A empresa já registrou o produto, que chama de RadioPaper, "um mostrador com a legibilidade de tinta em papel, mas com o benefício adicional da tecnologia digital para "download" de manchetes de jornal ou de um livro best-seller ao comando do usuário -informação a qualquer um, em qualquer lugar", descreve o site da empresa (www.eink.com).
No caso do protótipo, o conteúdo do mostrador é inserido por um cabo. Mas Chen diz que não haveria problemas para adaptar o sistema para o recebimento de informação sem fio, por ondas de rádio ou de infravermelho.


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