São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2007

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Desacordo ameaça criação de rival europeu do GPS

Indefinição pode fazer empresas perderem concessão do sistema Galileo

União Européia ameaça assumir sozinha toda a direção do programa, que pretende rivalizar com o sistema americano em 2012

DA REDAÇÃO

O sonho europeu de construir o sistema de posicionamento por satélite Galileo, que pretende rivalizar com o americano GPS (Sistema de Posicionamento Global, sigla em inglês) corre o risco de virar um pesadelo. Se o pior acontecer, o projeto pode ser cancelado.
Tudo porque, os oito membros do consórcio privado criado para o sistema- são duas empresas francesas, uma britânica, uma italiana, duas espanholas, uma alemã e uma multinacional européia- estão em total desacordo.
Além de decidir que não vai colocar mais dinheiro no projeto, o consórcio não chegou a um consenso sobre quem será o responsável por tocar o programa Galileo daqui para a frente.
O prazo para surgir um formato ideal de controle privado do projeto termina depois de amanhã. O lado público do Galileo, representando pela UE (União Européia), ameaça assumir todo o controle do programa caso o impasse continue.
"O programa Galileo está em uma profunda e séria crise. Nós estamos em um beco sem saída", disse Wolfgang Tiefensee, ministro dos transportes da Alemanha, país que atualmente preside a UE.
Não está descartada a hipótese de que o imbróglio burocrático possa causar até o cancelamento do programa.
Segundo o dirigente europeu, uma das soluções será colocar mais dinheiro público no projeto, orçado em 3,6 bilhões de euros. Pelo desenho original, o consórcio privado deveria financiar aproximadamente dois terços dos custos do novo sistema de posicionamento global.
"Existe uma forte participação do setor público nesta fase de construção do Galileo. Esse projeto é o mais importante de todos, em termos de alta tecnologia, para a Europa. É necessário que ele continue", afirmou o político da Alemanha.
Nas próximas semanas, anunciou Tiefensee, a União Européia vai tentar salvar o projeto de seu sistema de posicionamento global por satélite. A inciativa é considerada importante, agora que a China e a Rússia também preparam, em conjunto, um projeto similar.
No dia 16 deste mês, deve ser anunciado um novo plano para o Galileo. Essas metas deverão ser discutidas no início de junho, em um encontro com todos os ministros de transporte dos países que estão na UE.

Atraso no cronograma
Os problemas burocráticos no comando do Galileo já apresentam conseqüências práticas. Dos 30 satélites necessários para o novo sistema de posicionamento (ver texto à direita), apenas um já foi lançado com sucesso.
O segundo, que deveria ter entrado em órbita no ano passado, teve um curto-circuito ainda na Terra e não pode ser lançado. Para Tiefensee, se o poder público não assumir o controle do programa, será muito difícil colocar o sistema em operação em 2012, como previa o plano original.
Os cálculos dos dirigentes europeus mostram que seria necessário mais 1,2 bilhão de euros para que tudo corra bem. Os estados-membros da UE já aprovaram um orçamento extra de 388 milhões de euros para corrigir os atrasos no cronograma. Existe ainda uma outra proposta em curso para o orçamento de 2008. Se ela for aprovada, mais 151 milhões de euros serão investidos.


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