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Paciente vegetativa entende frase
e tem consciência, diz pesquisador
Cérebro de mulher de 23 anos parece reagir a pedido como o de pessoa normal
DA REDAÇÃO
Uma mulher de 23 anos que
entrou em estado vegetativo
depois de um acidente de carro
parece ser capaz, de alguma
forma, de entender o que está
acontecendo ao seu redor e de
seguir "mentalmente" pedidos
em forma verbal.
O trabalho, coordenado por
cientistas do Conselho de Pesquisa Médica do Reino Unido,
promete lançar dúvidas consideráveis sobre o que se achava
ser verdade a respeito dos pacientes vegetativos -pessoas
que às vezes abrem os olhos, como se estivessem acordadas, e
até reagem "automaticamente"
a estímulos, mas teoricamente
teriam perdido qualquer resquício de consciência. A controvérsia sobre uma dessas pacientes, a americana Terri
Schiavo, dividiu os EUA durante o ano passado -no fim, os
aparelhos que a mantinham viva foram desligados.
"Quero ser extremamente
cuidadoso com isso. Trata-se
de apenas uma paciente. O resultado em uma paciente não
nos diz se qualquer outra pessoa vai mostrar reações similares", disse o líder do estudo,
Adrian Owen. A mulher em
questão sofreu danos severos
no cérebro num acidente em
julho do ano passado, passou
algum tempo em coma e depois
pareceu voltar a ter ciclos normais de sono e vigília, mas sem
reações conscientes.
Owen e seus colegas primeiro estimularam a moça com
frases simples ("Ele tomou café
com leite e açúcar", por exemplo) e com outras que continham palavras ambíguas (por
exemplo, "cedo", antônimo de
"tarde", e "cedo" do verbo "ceder" em português).
Depois, examinaram o funcionamento do cérebro dela
com a ajuda de aparelhos de
ressonância magnética e o
compararam com o de pessoas
normais que ouviam a mesma
frase. Os padrões de atividade
cerebral foram muito parecidos com os das pessoas sadias
-até uma área cerebral ligada
ao processamento de palavras
ambíguas foi ativada.
Depois, pediram a ela que se
imaginasse jogando tênis ou
passeando pelos vários cômodos de sua casa. De novo, as
áreas ativas do cérebro foram
as mesmas nela e em pessoas
conscientes. "Não há outra explicação: ela decidiu se envolver intencionalmente no estudo e fazer o que pedimos quando pedimos", afirma Owen.
Outros pesquisadores ressaltam que as lesões da moça não
foram tão graves quanto as de
outros pacientes vegetativos.
"Quando estão nesse estado, os
pacientes são capazes de reagir
a estímulos, mas não de maneira realmente significativa. Essa
resposta não é evidência de
uma decisão de responder",
disse Paul Matthews, da Universidade de Oxford.
A pesquisa sai hoje na revista
americana "Science"
(www.sciencemag.org).
Com agências internacionais
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