São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2008

Próximo Texto | Índice

Sonda "raspa" asteróide, mas câmera pifa antes

Rosetta, mesmo com falha, detecta a ocorrência de mais de 23 crateras em astro

Para técnicos da agência européia, pane em sistema não coloca missão sob risco; destino final da espaçonave é alcançar cometa em 2014

ESA
POUCO FOCO
Câmera auxiliar da sonda Rosetta registra um dos ângulos do asteróide Steins; máquina ficou a 805 quilômetros do astro


DA REPORTAGEM LOCAL

A sonda Rosetta, da ESA (Agência Espacial Européia), passou quase raspando pelo asteróide Steins na sexta-feira. Mas minutos antes da distância entre os dois ser de míseros 805 km, a câmera de alta-resolução da espaçonave-robô pifou, anunciaram os técnicos da missão anteontem na cidade de Darmstadt, na Alemanha.
Os oficiais da ESA ainda não sabem ao certo o que ocorreu. "O programa de computador da máquina desligou automaticamente", disse Gerhard Schwehm, gerente de missão. "A câmera tem alguns limites e nós vamos analisar mais tarde o que ocorreu", disse.
As imagens divulgadas anteontem na Alemanha, na sede da missão, foram feitas por uma câmera grande angular secundária, que também está acoplada à sonda Rosetta.
Segundo Uwe Keller, investigador responsável pela câmera, o equipamento principal parou de funcionar nove minutos antes da aproximação máxima.
A máquina voltou a funcionar depois. Porém, desde a falha, o equipamento está instável disse Keller.
O defeito na câmera, afirmou o pesquisador da ESA, não deve prejudicar a missão maior da Rosetta. O grande alvo da sonda é alcançar o cometa Churymov-Gerasimenko em 2014 e, depois, segui-lo até 2015.
No meio do caminho, além de passar ao lado do Steins, que está a 360 milhões de quilômetros da Terra, a Rosetta vai se aproximar também, em 2010, do asteróide Lutetia.

História de colisões
Apesar da falha na captação das imagens, os demais equipamentos da sonda funcionaram muito bem durante a missão.
Crateras de diferentes idades foram detectadas na superfície do acinzentado asteróide, "mostrando um rica história de colisões", disse Keller.
A Rosetta registrou mais de 23 crateras de 200 m de largura em média na superfície do Steins. A maior delas chega a medir 2 km.
Segundo ainda as medições da espaçonave-robô, o Steins tem 5 km de diâmetro, 200 m a mais do que havia sido estimado anteriormente.
Os dados obtidos a partir de asteróides e cometas, afirma Rita Schulz, uma das projetistas da Rosetta, apresentam um valor muito particular. Isso porque eles são feitos de matéria galáctica que ajudaram a criar os planetas do Sistema Solar. "Asteróides são o DNA do Sistema Solar", disse Schulz.
Até hoje, astrônomos que analisam asteróides precisam trabalhar com conjuntos limitados de dados, oriundos de poucas aproximações.

O encontro do Halley
A primeira grande aproximação de uma sonda com um cometa ocorreu há 22 anos.
A sonda Giotto, também da ESA, conseguiu fotografar o núcleo do famoso cometa Halley milhares de vezes antes da sua câmera também pifar.
No episódio de março de 1986, a Giotto ficou a menos de 600 quilômetros do cometa.


Com Agências Internacionais


Próximo Texto: China prepara outra missão tripulada
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.