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Pesquisa da USP aprova uso de esgoto tratado como adubo
Produtividade de cana e milho teve aumento de até 30% em teste; técnica é segura, diz Sabesp
REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL
Irrigar plantações com esgoto tratado não só é perfeitamente seguro para vegetais e
seus consumidores humanos
como faz lavouras de cana, milho e tifton (gramínea usada em
pastagens e para produzir feno)
produzirem 30% mais.
Os resultados são de uma
parceria entre a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico
do Estado de São Paulo) e pesquisadores da USP de Piracicaba, que testaram o uso dos
efluentes das estações de tratamento em plantações experimentais numa área de sete hectares do município de Lins, a
446 km da capital paulista.
"O aumento na produtividade se deve à própria água e aos
nutrientes contidos nela, como
nitrogênio e fósforo", explica
Célia Regina Montes, especialista em mineralogia de solos da
USP. Esses dois nutrientes são
justamente os mais comuns no
que sobra do tratamento do esgoto doméstico, rico em matéria orgânica, diz Luiz Paulo de
Almeida Neto, superintendente da Unidade de Negócio Baixo
Tietê e Grande da Sabesp.
Almeida Neto explica que as
estações de tratamento mais
comuns no interior paulista removem cerca de 85% da carga
orgânica do esgoto. "O ideal é
que os 15% que sobram voltem
para o solo, até porque esses
nutrientes originalmente vieram do solo por meio dos produtos de origem vegetal e animal que nós consumimos", diz.
Menos adubo
As vantagens para os agricultores seriam consideráveis.
Primeiro, eles não precisariam
pagar pelo nitrogênio e fósforo
dos adubos industriais -só pelo potássio, que normalmente
forma uma tríade com os outros dois elementos. "Além disso, a carga orgânica também
melhora a estrutura do solo e
diminui a erosão", afirma ele.
Os bons resultados obtidos
em Lins são similares aos que
se vê em países com pouca chuva e interesse em reaproveitar
o máximo de água, como Israel,
Egito e Austrália, diz Montes.
"No Brasil, essa técnica ainda
não é utilizada pelo fato de não
existir, até agora, uma legislação específica sobre o assunto",
explica a pesquisadora da USP.
A ideia é que os estudos sejam utilizados como base para
regulamentar a prática no Brasil. Para Montes, desde que a irrigação seja bem planejada, não
há risco de contaminar o lençol
freático ou os rios. "Temos
muitos agricultores interessados na ideia", diz Almeida Neto.
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