São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2011

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Telescópios de 1,2 bilhão de euros entram em ação

Conjunto de antenas no deserto do Atacama verá planetas em formação

Projeto mais caro da astronomia em solo também vai ser capaz de estudar origem das mais velhas estrelas

SALVADOR NOGUEIRA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem poderia imaginar que o projeto mais caro da história da astronomia em solo não seria para ver o espaço, mas para "escutá-lo"?
Reunindo EUA, Europa e Japão, o Alma, maior conjunto de radiotelescópios já feito, começou a funcionar em configuração provisória.
Orçado em 1,2 bilhão de euros, o conjunto opera apenas com 16 antenas. Mas, mesmo nessa escala, ele já é o mais potente de sua categoria.
Quando ficar pronto, por volta de 2014, o Alma terá 66 radiotelescópios, distribuídos numa área de cerca de 7.000 m2, quase o tamanho de um campo de futebol.
A disposição dos aparelhos é tal que, grosso modo, o conjunto equivale um radiotelescópio gigante, com o tamanho da distância entre as duas antenas mais afastadas.
Com isso, os pesquisadores esperam ver coisas jamais antes observadas no Cosmos, como a formação de planetas em tempo real, que permitirá estudar seu nascimento.
"O Alma irá investigar a região do espectro eletromagnético entre o infravermelho e o rádio, uma parte até hoje muito pouco explorada. Com isso, estamos literalmente abrindo uma nova janela para o Universo", diz Wolfgang Wild, pesquisador do ESO (Observatório Europeu do Sul) envolvido com o projeto.
A área do projeto fica a 5.000 metros de altitude no deserto do Atacama (Chile), onde a pressão atmosférica é metade da existente no nível do mar. Graças a isso, há muito menos interferência do ar nas observações.
Em compensação, o ambiente é tão inóspito que não haveria como manter pessoas durante longos períodos lá. Por isso, o centro de controle ficará numa região mais baixa, a 2.900 m de altitude.
Além de poder trabalhar com o Alma por meio da entrada do Brasil no ESO (decisão que ainda pende por aprovação no Congresso), pesquisadores nacionais, em parceria com a Argentina, têm outras ideias ambiciosas para a radioastronomia.
Eles estão tocando o projeto Llama, que consiste na instalação de uma antena similar às que estão sendo usadas no Atacama a 200 km de distância do Alma.
"Isso permitiria fazer experiências usando os dois ao mesmo tempo", afirma Jacques Lépine, pesquisador do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) da USP que coordena o desenvolvimento do Llama pelo lado brasileiro.
Além de operar junto com o Alma, o Llama poderia fazer observações individuais. Lépine diz que há boa vontade mútua entre os dois esforços para futura cooperação.


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