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Vândalos atacam sala de pesquisa biológica na USP
Criminosos deixaram assinatura de grupo de ativistas contrário ao uso de cobaias
Diretor de instituto não descarta crime comum; se
confirmada autoria, será o 3º incidente envolvendo
esses grupos neste ano
Rodrigo Capella - 15.jul.08/Agência Anhangüera
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Ativistas protestam durante reunião da SBPC, em Campinas
AFRA BALAZINA
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos laboratórios do Instituto de Biociências da USP foi
alvo de vândalos na noite de
quinta-feira. Os criminosos
deixaram a assinatura ALF
(Frente de Libertação Animal,
na sigla em inglês) no local,
uma sala de cultura de células
onde se faz pesquisa sobre malária. Na ação, fios de computadores foram cortados e vidros
quebrados. Outra pichação dizia: "Nós voltaremos".
Se for confirmada a autoria
da ação, essa é pelo menos a terceira vez no ano em que grupos
contrários ao uso de animais
em pesquisas agem de forma
violenta no país.
Em agosto, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) sofreu uma ameaça de bomba, também assinada pela ALF.
A denúncia do artefato interditou por cerca de três horas o
quarteirão onde está localizado
o prédio da universidade. E, em
julho deste ano, durante a reunião anual da SBPC (Sociedade
Brasileira para o Progresso da
Ciência) em Campinas, membros de uma organização denominada Vegan Staff.org jogaram tinta vermelha na pesquisadora Regina Markus, da USP.
No site do grupo, os integrantes dizem ter escolhido "cuidadosamente" a vítima do protesto e que o ato representava "a
ciência suja de sangue". Ela
coordenava no evento o núcleo
de experimentação com animais de laboratório.
Neste último caso, na USP, a
porta da sala não chegou a ser
arrombada -as pessoas teriam
entrado pela janela.
Mais de mil alunos, além de
cerca de cem professores e 200
funcionários, circulam pelo
Instituto de Biociências, onde
fica a sala. Segundo o diretor do
instituto, Wellington Delitti, a
sala foi lacrada pela polícia e
permanecia assim ontem.
Ele não descarta, porém, a
possibilidade de ter sido um
"crime comum". "Quando a polícia liberar a sala será feito um
inventário para saber se equipamentos foram roubados."
Para Delitti, o instituto é vulnerável -fica isolado e guardas
apenas fazem ronda no local.
Ele pensa, no entanto, em
realizar uma campanha educativa a respeito da importância
do trabalho com animais.
Segundo o diretor, o maior
problema desse tipo de crime é
a perda de dados científicos. "A
malária mata milhões. Eles
causaram um atraso na pesquisa e danos para muita gente."
Na opinião do pesquisador
Marcelo Morales, da UFRJ
(Universidade Federal do Rio
de Janeiro), o vandalismo na
USP "não tem nada a ver com a
discussão sobre a proteção aos
animais". "São atos terroristas,
e têm de ser punidos como atos
terroristas", diz. Ele organiza
atualmente uma campanha nacional para o esclarecimento
sobre a pesquisa com animais
que custará R$ 1,5 milhão e deve ser veiculada em dois meses
na TV, em rádios e em cinemas.
Morales ressalta que, se não
houver punição, "daqui a pouco
vai acontecer como nos EUA,
onde pesquisadores estão sendo ameaçados".
Renato Balão Cordeiro, farmacólogo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), já previa
que essas ações fossem ocorrer.
Segundo ele, como os vários
ativistas anônimos não podem
mais sensibilizar vereadores,
porque a Lei Arouca (que regulamenta o uso de cobaias em
experimentos) já foi aprovada
no Congresso, "eles começam a
fazer essas sandices".
Para Cordeiro, é urgente que
a lei, sancionada em outubro
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seja regulamentada.
Muitos alunos da USP ainda
não sabiam do ocorrido na tarde de ontem. Alguns opinavam
que os autores deviam ser pessoas da própria universidade
-que conheciam o local. A estudante de biologia Natany Bissiato, 18, soube do ocorrido ao
conversar com veteranos. "Todos têm o direito de expressar
sua opinião, mas acho que essa
não é a melhor maneira."
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