São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2008

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Gene de cão dá pista em doença humana

Grupo americano descobre mutação que pode levar a pedra no rim em humano e na bexiga em dálmata

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

O que o ser humano, grandes macacos e cães dálmatas têm em comum? Não são as pintas pretas e sim a capacidade de eliminar ácido úrico na urina.
Estudando centenas de amostras de DNA e de urina de cachorros, pesquisadores nos EUA descobriram agora o gene responsável por essa característica -que pode levar a doenças como gota, hipertensão e pedras nos rins em pessoas, e costuma afetar os dálmatas com pedras na bexiga.
O problema entre os dálmatas é conhecido há cerca de um século. Outras raças de cachorro normalmente não produzem ácido úrico na urina e no sangue. As pedras na bexiga dos dálmatas muitas vezes têm de ser removidas por cirurgia.
A equipe, liderada por Danika Bannasch, da Universidade da Califórnia em Davis, revelou na revista científica "PLoS Genetics" que o problema que afeta os dálmatas é causado por mutações no gene SLC2A9.
Apesar de não estarem diretamente ligados às pintas pretas, os defeitos no gene foram provavelmente inseridos no material genético dos dálmatas durante cruzamentos feitos para produzir determinados padrões de manchas.
Como o gene SLC2A9 também está presente no ser humano, entender seu papel no cão pode levar a melhores tratamentos para males causados pelo excesso de ácido úrico.
"Como o gene está envolvido nessas doenças em seres humanos, o dálmata é um modelo animal que ocorre naturalmente", disse Bannasch à Folha.
A pesquisa também promete melhorar a raça canina. Segundo Bannasch, esse traço pode agora ser removido ao cruzar dálmatas com os descendentes normais do cruzamento original entre dálmatas e pointers, feito nos anos 1970. O resultado é um cão sadio que parece um dálmata e mantém as características da raça, diz ela.


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