|
Texto Anterior | Índice
Gene de cão dá pista em doença humana
Grupo americano descobre mutação que pode levar a pedra no rim em humano e na bexiga em dálmata
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
O que o ser humano, grandes
macacos e cães dálmatas têm
em comum? Não são as pintas
pretas e sim a capacidade de eliminar ácido úrico na urina.
Estudando centenas de
amostras de DNA e de urina de
cachorros, pesquisadores nos
EUA descobriram agora o gene
responsável por essa característica -que pode levar a doenças como gota, hipertensão e
pedras nos rins em pessoas, e
costuma afetar os dálmatas
com pedras na bexiga.
O problema entre os dálmatas é conhecido há cerca de um
século. Outras raças de cachorro normalmente não produzem ácido úrico na urina e no
sangue. As pedras na bexiga dos
dálmatas muitas vezes têm de
ser removidas por cirurgia.
A equipe, liderada por Danika Bannasch, da Universidade
da Califórnia em Davis, revelou
na revista científica "PLoS Genetics" que o problema que afeta os dálmatas é causado por
mutações no gene SLC2A9.
Apesar de não estarem diretamente ligados às pintas pretas, os defeitos no gene foram
provavelmente inseridos no
material genético dos dálmatas
durante cruzamentos feitos para produzir determinados padrões de manchas.
Como o gene SLC2A9 também está presente no ser humano, entender seu papel no
cão pode levar a melhores tratamentos para males causados
pelo excesso de ácido úrico.
"Como o gene está envolvido
nessas doenças em seres humanos, o dálmata é um modelo
animal que ocorre naturalmente", disse Bannasch à Folha.
A pesquisa também promete
melhorar a raça canina. Segundo Bannasch, esse traço pode
agora ser removido ao cruzar
dálmatas com os descendentes
normais do cruzamento original entre dálmatas e pointers,
feito nos anos 1970. O resultado é um cão sadio que parece
um dálmata e mantém as características da raça, diz ela.
Texto Anterior: Estabilizar clima pode ser inviável, diz agência Índice
|