São Paulo, sexta, 9 de janeiro de 1998.



Próximo Texto | Índice

CIÊNCIA
Cientistas acham proteína que causa dependência de nicotina

das agências internacionais

Cientistas anunciaram a descoberta da proteína das células do cérebro de camundongos à qual a nicotina se liga, causando dependência, segundo estudo publicado ontem na revista "Nature".
Essa substância também está presente no cérebro dos seres humanos. Ela é uma proteína encontrada na superfície das células nervosas e permite a absorção da nicotina pelo cérebro.
A nicotina estimula a produção da dopamina, uma substância que age numa região do cérebro ligada à motivação e estimula o desejo de fumar.
"Estudos futuros sobre essa proteína podem levar à descoberta de novos medicamentos para eliminar o vício dos fumantes", explicou o pesquisador Clement Léna, do Instituto Pasteur, de Paris, um dos autores do estudo.
Como a nicotina age de maneira semelhante à cocaína e à heroína, os cientistas afirmam que a descoberta também poderia ter implicações importantes no tratamento da dependência dessas drogas e de outras.
Também participaram da pesquisa cientistas do Instituto Karolinska, da Suécia, responsável pelo Prêmio Nobel, e do laboratório Glaxo-Wellcome.
Os cientistas estudaram dois grupos de camundongos: um que produzia a proteína e outro com uma mutação genética que impedia sua produção. Os pesquisadores verificaram que os animais que não produziam a proteína não reagiam à nicotina. O nível de dopamina nestes camundongos permanecia inalterado.
Segundo Léna, a pesquisa abre novos caminhos para o aproveitamento dos efeitos benéficos da nicotina sobre a memória e a atenção. Cientistas estudam como atenuar a dificuldade de memorização, causada por doenças como o mal de Alzheimer, usando compostos à base de nicotina.



Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.