São Paulo, domingo, 09 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Outro lado

Hidrelétrica não destrói a paisagem, diz Eletronorte

Empresa diz que estudos estão sendo complementados e nega danos a espécies

DA REDAÇÃO

A Eletronorte diz que está pronta para o leilão de Dardanelos. A usina é segura do ponto de vista ambiental e viável do ponto de vista econômico.
"Estamos complementando os dados do EIA-Rima e vamos entregá-los no início de agosto", diz Silviani Froelich, gerente de Estudos e Projetos Ambientais da Eletronorte. "As condicionantes da Sema estão sendo atendidas, e elas não invalidam Dardanelos."
Segundo Froelich, a vazão remanescente do rio, recalculada em 21 metros cúbicos por segundo para atender às condições da licença prévia, permite que as cachoeiras tenham água o ano inteiro e que Dardanelos siga gerando energia, mesmo na estação seca.
Ela admite, no entanto, que as pequenas centrais hidrelétricas Faxinal 1 e 2, já instaladas no salto dos Dardanelos, poderão ter falta d'água. "A Aneel priorizou Dardanelos", diz.
Valéria Saracura, coordenadora dos estudos de fauna e flora do EIA-Rima, afasta a possibilidade de extinções locais porque a chamada área dos pedrais, as lajes usadas pelos anfíbios para sua reprodução, não será atingida por obras de engenharia. "Não haverá interrupção de água nos pedrais", diz. Mas, em seguida, afirma que a usina "aumenta o período de vazão diminuída" nas lajes e que "pode ser até que algumas espécies sejam beneficiadas".
Sobre a não-inclusão do custo das linhas de transmissão no estudo de impacto e no valor de Dardanelos no leilão, apontada como um dos principais problemas do projeto da usina, Froelich afirma que a estatal e a Odebrecht, sua parceira, se limitaram a atender o que o governo do Estado havia pedido. "A linha de transmissão não foi solicitada para licenciamento juntamente com a usina no termo de referência", disse.
Ela também minimiza a afirmação do parecer da Sema que aponta 52 impactos negativos na usina. "Quando você pega os números, você pode ficar com uma impressão falsa."
O gerente de Planejamento Energético da Eletronorte, Paulo César Magalhães, contesta a afirmação do estudo encomendado pelo Ministério Público de que Dardanelos é economicamente inviável. Ele diz que a energia assegurada da hidrelétrica é 155 megawatts e não 80 megawatts.
Sobre a razão de a estatal ter planejado uma hidrelétrica num paraíso ecológico -o Ministério Público diz que não foram apresentadas alternativas de localização do empreendimento, o que é irregular-, Magalhães é pragmático: "Existe hidrelétrica porque existe uma cachoeira e existe vazão. Adoraríamos fazer uma hidrelétrica perto de Brasília". (CA)


Texto Anterior: Conexão com o sistema nacional é uma incógnita
Próximo Texto: Quebrada e sem turistas, cidade aguarda a obra
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.