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SBPC reclama de "vácuo
científico" na Amazônia
Falta de pesquisa atrapalha região, diz cientista
EDUARDO GERAQUE
ENVIADO ESPECIAL A BELÉM
A falta de mestres e doutores
na Amazônia continua a ser o
maior problema para o desenvolvimento da pesquisa na região. A necessidade de que sejam formados mais "cérebros"
familiarizados com o universo
amazônico foi a tônica dos discursos realizados na cerimônia
de abertura da reunião anual da
SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), ontem à noite em Belém (PA).
"Precisamos multiplicar,
sim, e de modo acelerado o número de cientistas nesta região,
de mestres, engenheiros, sanitaristas e pesquisadores", disse
Ennio Candotti, em seu último
discurso como presidente da
SBPC - aqui mesmo em Belém
ele entrega o cargo ao matemático Marco Antônio Raupp.
Questionado pela Folha, o
próprio Candotti afirma que,
talvez, a SBPC "não tenha batido nas teclas certas nos últimos
anos" e, por isso, não tenha
conseguido ajudar muito a
ciência amazônica. Em termos
relativos, segundo o cientista, o
peso que a região tem hoje é o
mesmo dos anos 1980.
Para o reitor da UFPA (Universidade Federal do Pará),
Alex Fiúza de Mello, além de
trazer cientistas de outras regiões do país é preciso que haja
um esforço para formar pessoas dentro da própria região.
"Não se faz ciência com prédio.
Sem conhecimento o Brasil vai
perder a Amazônia", disse. Ele
calcula em 2.000 o número de
doutores hoje na região. Para
Candotti, isso é um décimo do
necessário para a Amazônia.
Para responder a críticas sobre a falta de recursos da ciência amazônica deveriam ter
comparecido à abertura da reunião da SBPC tanto o ministro
Sergio Rezende, da Ciência e
Tecnologia, como Marina Silva,
do Meio Ambiente.
Ausentes ilustres
Rezende, por motivo de saúde, mandou um discurso por
escrito, lido no evento de abertura. Marina, que também enviou um comunicado, ficou em
Brasília para tratar de problemas do Ibama, órgão que está
sendo reestruturado. No texto
de Rezende, apenas números
favoráveis. O investimento em
ciência e tecnologia, nos últimos quatro anos, chegou aos
R$ 35 bilhões, o que para o
MCT é "recorde histórico". Só
em 2006, foram investidos na
Amazônia R$ 10 bilhões.
Além da falta de doutores,
Candotti também lembrou de
outro ponto polêmico quando o
assunto é a Amazônia. "Se de
fato estamos preocupados com
a soberania de nossa inteligência precisamos lembrar que
70% das pesquisas e informações publicadas sobre a Amazônia em revistas internacionais
são feitas por estrangeiros."
Segundo Candotti -que nega
que a interpretação da soberania como xenofobia- criticou a
prisão do primatologista holandês naturalizado brasileiro
Marc Von Roosmalen, em Manaus, condenado a 14 anos de
prisão por transportar macacos
irregularmente.
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