São Paulo, domingo, 09 de agosto de 2009

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"Número é impressionante", diz secretária do clima

REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL

O compromisso do Brasil com metas de redução de gases-estufa oriundos do desmatamento foi confirmado por Suzana Kahn Ribeiro, secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, durante debate realizado na última terça-feira na Folha.
Ribeiro, que participou da discussão junto com Ed Miliband, ministro de Energia e Mudanças Climáticas do Reino Unido, e Marcelo Furtado, diretor-executivo do Greenpeace Brasil, disse também que o governo brasileiro já está comprometido "com um número impressionante" de redução de emissões de dióxido de carbono, "que é mais do que qualquer outro país propõe".
A secretária do MMA se refere à proposta presente no Plano Nacional de Mudanças Climáticas, que fala em cortar 70% dessas emissões até 2017 (tomando como base a média anual do desmatamento entre meados dos anos 1990 e meados da atual década).
Ribeiro declarou que essas metas deverão ser "mensuráveis, reportáveis e verificáveis" diante da comunidade internacional, podendo estar atreladas à ajuda financeira que os países ricos destinarão às nações em desenvolvimento no âmbito de um novo acordo global sobre o clima, a ser fechado neste ano.

Bom, mas nem tanto
Ed Milliband disse que o governo britânico receberá bem a proposta. "É um anúncio importante. Fico contente que o Brasil terá clareza nos seus números para 2020", afirmou ele. A expectativa é que negociações substanciais sobre o tema aconteçam em dezembro, na 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas, em Copenhague.
Já Furtado, do Greenpeace, misturou elogio e crítica em sua análise. "Não concordo que a meta do Brasil, em si, seja impressionante. Mas o que é impressionante, e precisa ser registrado, é a mudança da posição brasileira em relação a metas. Antes, quando a gente mencionava o assunto, os negociadores do Itamaraty tinham um ataque de alergia e iam parar no hospital", brincou.
O debate no auditório da Folha ajudou a ilustrar as dificuldades de costurar um acordo realmente global sobre mudanças climáticas. De um lado, Miliband, que visitou o Xingu e conheceu comunidades indígenas de lá, argumentou que a mudança climática "é o símbolo supremo de como a humanidade se tornou interconectada" e defendeu a transição para uma "economia verde".
Embora tenha concordado, a secretária brasileira também lembrou o direito dos países em desenvolvimento de ocupar seu "espaço de carbono" por causa das necessidades inerentes ao crescimento econômico.
Já Furtado, questionado sobre a possibilidade de o Greenpeace amenizar sua oposição à energia nuclear em nome do clima, disse: "Vou responder curto e grosso. Não". Ele declarou que a ONG ainda considera a energia eólica e a solar as melhores opções para o futuro.


Assista a vídeo do debate

www.folha.com.br/092182


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