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"Número é impressionante", diz secretária do clima
REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL
O compromisso do Brasil
com metas de redução de gases-estufa oriundos do desmatamento foi confirmado por
Suzana Kahn Ribeiro, secretária de Mudanças Climáticas do
Ministério do Meio Ambiente,
durante debate realizado na última terça-feira na Folha.
Ribeiro, que participou da
discussão junto com Ed Miliband, ministro de Energia e
Mudanças Climáticas do Reino
Unido, e Marcelo Furtado, diretor-executivo do Greenpeace
Brasil, disse também que o governo brasileiro já está comprometido "com um número
impressionante" de redução de
emissões de dióxido de carbono, "que é mais do que qualquer outro país propõe".
A secretária do MMA se refere à proposta presente no Plano Nacional de Mudanças Climáticas, que fala em cortar
70% dessas emissões até 2017
(tomando como base a média
anual do desmatamento entre
meados dos anos 1990 e meados da atual década).
Ribeiro declarou que essas
metas deverão ser "mensuráveis, reportáveis e verificáveis"
diante da comunidade internacional, podendo estar atreladas
à ajuda financeira que os países
ricos destinarão às nações em
desenvolvimento no âmbito de
um novo acordo global sobre o
clima, a ser fechado neste ano.
Bom, mas nem tanto
Ed Milliband disse que o governo britânico receberá bem a
proposta. "É um anúncio importante. Fico contente que o
Brasil terá clareza nos seus números para 2020", afirmou ele.
A expectativa é que negociações substanciais sobre o tema
aconteçam em dezembro, na
15ª Conferência das Partes da
Convenção do Clima das Nações Unidas, em Copenhague.
Já Furtado, do Greenpeace,
misturou elogio e crítica em
sua análise. "Não concordo que
a meta do Brasil, em si, seja impressionante. Mas o que é impressionante, e precisa ser registrado, é a mudança da posição brasileira em relação a metas. Antes, quando a gente
mencionava o assunto, os negociadores do Itamaraty tinham
um ataque de alergia e iam parar no hospital", brincou.
O debate no auditório da Folha ajudou a ilustrar as dificuldades de costurar um acordo
realmente global sobre mudanças climáticas. De um lado, Miliband, que visitou o Xingu e conheceu comunidades indígenas de lá, argumentou que a
mudança climática "é o símbolo supremo de como a humanidade se tornou interconectada"
e defendeu a transição para
uma "economia verde".
Embora tenha concordado, a
secretária brasileira também
lembrou o direito dos países
em desenvolvimento de ocupar
seu "espaço de carbono" por
causa das necessidades inerentes ao crescimento econômico.
Já Furtado, questionado sobre a possibilidade de o Greenpeace amenizar sua oposição à
energia nuclear em nome do
clima, disse: "Vou responder
curto e grosso. Não". Ele declarou que a ONG ainda considera
a energia eólica e a solar as melhores opções para o futuro.
Assista a vídeo do debate
www.folha.com.br/092182
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