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Japão quer cortar 25% do CO2 até 2020
Promessa de Yukio Hatoyama, que assumirá cargo de primeiro ministro em setembro, aumenta pressão sobre os EUA
Líder eleito pelo Partido Democrata recebe elogios de ambientalistas, mas enfrenta resistência dentro da indústria japonesa
Toru Hanai - 07.set.09/Reuters
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O líder do Partido Democrata e futuro premiê japonês,Yukio Hatoyama, em discurso anteontem
DA REPORTAGEM LOCAL
A promessa do futuro primeiro-ministro do Japão, Yukio Hatoyama, de cortar 25%
das emissões de gases-estufa do
país até 2020 em relação a 1990
cria um clima de pressão sobre
nações ricas nas negociações
para o novo tratado do clima. A
medida anunciada anteontem,
porém, deixou claro que, sem
um comprometimento maior
dos EUA, o bloco continuará
muito aquém da meta apontada por cientistas como ideal.
Somadas todas as promessas
mais ousadas do grupo de países que mais contribuiu para o
agravamento do efeito estufa,
apenas 15% dos gases-estufa
seriam cortados até 2020. A
ciência, porém, afirma que só
um corte da ordem de 40% nesse período pode evitar que o
planeta não aqueça mais de 2°C
até o fim do século.
"É claro que o Japão não vai
conseguir frear a mudança climática sozinho com sua redução de emissões", afirmou Hatoyama, líder do Partido Democrata, que venceu as eleições japonesas na semana passada. "A
condição para a promessa do
Japão à comunidade internacional é que todos os grandes
países entrem em acordo para
adotar metas ambiciosas."
O discurso pode ser interpretado como um recado aos EUA,
o maior poluidor do mundo. O
presidente Barack Obama, por
enquanto, acena apenas com
um corte de 17% das emissões
até 2020. Essa meta devolveria
as emissões dos EUA ao nível
de 1990, ano de referência do
Protocolo de Kyoto.
O anúncio arrancou elogios
de ambientalistas. "É o primeiro sinal de liderança climática
vindo de um país desenvolvido
em muito tempo", disse Martin
Kaiser, do Greenpeace.
O secretário-executivo da
Convenção do Clima, Yvo de
Boer, disse que "o panorama
está ficando menos sombrio"
para um acordo do clima em
Copenhague, em dezembro,
após o anúncio japonês.
Menos otimista, o chanceler
britânico David Miliband pôs
ontem pressão sobre os países
em desenvolvimento. Essas nações, como China e Índia, são
desobrigadas de metas por
Kyoto. "Há um risco real de que
as conversas marcadas para dezembro não tenham resultado
positivo", declarou Miliband.
Ambição renovada
A promessa de Hatoyama é
bem mais ambiciosa do que a
do atual governo japonês, que
não ultrapassaria um corte de
10% até 2020. Parte do discurso de campanha do democrata
consistiu em negar que a economia do país sofrerá muito
com os cortes de emissões.
"Lidar agressivamente com a
mudança climática abrirá uma
nova fronteira para a economia
japonesa e criará empregos em
áreas como carros elétricos e
tecnologia para energia limpa."
A ministra do clima e energia
da Dinamarca, Connie Hedegaard -anfitriã do encontro
em Copenhague- também se
disse otimista com a guinada de
posição no Japão. "É importante lembrar que o Japão já é um
dos países mais eficientes do
mundo em produção e consumo de energia", disse. "Ainda
assim, isso mostra que é possível adotar uma nova e ambiciosa meta para redução de CO2."
Dentro do país, porém, a proposta de Hatoyama deve enfrentar resistências. A Keidanren, maior federação de indústrias do Japão, defende
uma redução máxima de 6%.
Com Reuters e "Independent"
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