São Paulo, sexta-feira, 09 de setembro de 2011

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Fóssil sul-africano é principal candidato a ancestral do homem

Batizado de A.sediba, hominídeo de 1,98 milhão de anos tem cérebro, mãos e pernas 'avançados', diz grupo

Ossatura descrita, pouco danificada, é último exemplar de Australopitechus antes da evolução para Homo

RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO

A primeira análise detalhada dos fósseis de um ancestral humano achado na África do Sul concluiu que ele pode ser o vínculo entre formas mais primitivas, os australopitecos, e o gênero Homo, ao qual pertence o homem moderno (Homo sapiens).
O Australopitechus sediba, como foi batizado o fóssil, teve seus primeiros restos achados em 2008 por Lee Berger, da sul-africana Universidade do Witwatersrand, que descreveu a espécie em 2010.
Berger agora coordenou uma equipe internacional de mais de 80 pesquisadores de várias partes do planeta, que descreveram o bicho em detalhe em cinco artigos na edição de hoje da "Science".
A idade dos fósseis promete polêmica, pois o fóssil Homo mais antigo tem 2,3 milhões de anos. Usando métodos de datação como a transformação radioativa do urânio em chumbo nas rochas, foi possível chegar a uma das idades mais precisas do registro fóssil: entre 1,977 milhão e 1,980 milhão de anos atrás.
Mas é a descrição que promete esquentar o debate entre os cientistas da área.
"Os fósseis mostram um formato de pé e de tornozelo nunca visto em qualquer espécie de hominídeo, que combina características tanto dos macacos quanto dos seres humanos", diz Berger.
"As características muito avançadas encontradas no cérebro e no corpo e a data tornam o fóssil possivelmente o melhor candidato a ancestral do nosso gênero, o gênero Homo", completou o paleoantropólogo.
Particularmente importantes foram os achados da mão e da pelve, os mais completos e não danificados já descritos para um hominídeo.
Também foi possível fazer um imageamento preciso do interior do crânio, mostrando as marcas deixadas ali pela superfície do cérebro.
Essas marcas internas indicam um cérebro organizado de modo mais semelhante ao humano, com destaque para áreas frontais, que no homem, estão ligadas a sociabilidade e linguagem.
Isso indica que o órgão teve uma reorganização neuronal na passagem do Australopitechus para o Homo.



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