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BIODIVERSIDADE
Brasil participa de inventário internacional de aranhas
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Instituto Butantan, de
São Paulo, e o Museu Paraense Emílio Goeldi são as
duas instituições brasileiras
convidadas a fazer parte da
primeira rede mundial de estudo de aranhas. A iniciativa,
que nasceu no Museu Norte-Americano de História Natural, em Nova York, vai reunir pelos próximos quatros
anos mais de 30 cientistas.
Ao todo, 16 centros de pesquisa, representando nove
países, participarão do projeto. As pesquisas devem consumir um orçamento de US$
2,6 milhões. Todos os recursos serão captados nos Estados Unidos.
"Essa é uma iniciativa inédita no mundo. Vai ser estudada apenas uma família de
aranhas, a Onopidae, que
ocorre em todos os continentes, com exceção da Antártida", disse à Folha Antonio Domingos Brescovit,
pesquisador do Laboratório
de Artrópodes do Butantan.
Ele é um dos brasileiros que
vão participar do projeto,
que tem ainda cientistas de
outras instituições nacionais
além das duas convidadas.
O grande inventário mundial desses animais, que têm
só 3 milímetros, promete revelar informações importantes aos pesquisadores. Uma
vez que muitos grupos da família estudada têm uma distribuição geográfica restrita,
essas espécies são consideradas excelentes indicadores
de biodiversidade. Isso significa que elas poderão ser usadas, no futuro, para a delimitação de áreas importantes
para a conservação, por
exemplo.
"Esse é um grupo muito
desconhecido. Apenas aqui
no Estado de São Paulo, nos
últimos três anos, foram coletados 2 mil exemplares
dentro do Programa Biota-Fapesp, tanto na mata atlântica quanto no cerrado".
Segundo Brescovit, a estimativa é de que possa haver
dentro desse material seis
gêneros novos e 300 novas
espécies. "A América do Sul é
a região mais rica nesse grupo", explica o pesquisador.
Das mais de 5.000 espécies
que existem hoje no mundo,
apenas 200 já foram devidamente estudadas.
A participação do país no
inventário internacional,
que será feito ainda por África do Sul, Argentina, Austrália, Bélgica, Finlândia, Holanda e Suíça, tem outras
vantagens. "Ela será importante na formação de recursos humanos e na repatriação de exemplares que estão
fora do país há 40 anos".
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