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Cientistas transformam pele em sangue
Estudo canadense teve sucesso sem que células passassem por fase "embrionária", considerada mais instável
Técnica pode facilitar
transplantes para males
sanguíneos e ajudar
doentes com câncer;
teste seria em 2012
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA
Um coquetel bioquímico
preparado por cientistas do
Canadá se revelou uma receita eficaz para transformar pele humana em sangue.
Não é só força de expressão. As células conhecidas
como fibroblastos, extraídas
de um retângulo de pele com
4 cm por 3 cm, foram "convencidas" a gerar todos os
principais componentes do
sangue, de eritrócitos (os populares glóbulos vermelhos)
a células de defesa.
O mais importante, afirmam Mickie Bhatia e seus colegas da Universidade
McMaster, é que a transformação foi relativamente direta. Para conseguir o feito,
eles não precisaram reverter
as células da pele a um estado "primitivo", parecido com
o de células embrionárias.
O resultado, apostam eles,
é que o procedimento é muito mais fácil de controlar, evitando riscos como o aparecimento de tumores a partir
das células transformadas.
Em tese, o procedimento
poderia ajudar pacientes que
precisam de um transplante
de medula óssea (justamente
a fonte natural das células
sanguíneas) ou pessoas que
passaram por quimioterapia.
TRANSFUSÕES
Em ambos os casos, não
haveria risco de rejeição,
uma vez que a fonte das células seria a pele do próprio paciente. E até as transfusões
de sangue poderiam assumir
outra natureza com o uso da
técnica, já que ela se mostrou
capaz de produzir sangue suficiente para esse fim.
O estudo, que deve ser publicado em edição futura da
revista científica "Nature", tira partido de uma explosão
de pesquisas anteriores na
área de "transmutação" celular. Os cientistas já sabem,
por exemplo, que a ativação
de certos genes é capaz de
deixar células de pessoas
adultas mais maleáveis a essa transmutação.
No caso do sangue, a chave parecia ser o gene OCT4,
cuja ativação levava ao aparecimento de algumas características preliminares das
células do sangue.
Tomando isso como base,
a equipe do Canadá adicionou uma cópia extra desse
gene às células da pele e, depois, embebeu-as num coquetel de substâncias que,
pelo que se sabia, favoreciam
a especialização e a multiplicação das células do sangue.
O truque funcionou, e o
uso de algumas outras substâncias foi suficiente para
produzir com precisão o tipo
desejado de célula, como
glóbulos vermelhos, por
exemplo. A ideia é poder testar a técnica em transplantes
para pessoas em 2012.
Com agências de notícias
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