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MEDICINA
Pesquisador trabalha em empresa farmacêutica
Remédios não funcionam para a maioria dos doentes, diz cientista
STEVE CONNOR
DO "INDEPENDENT"
A indústria farmacêutica engordou por muitos anos com base
num mito -a crença equivocada
de que todos os remédios funcionem para quase todas as pessoas.
No entanto, era um segredo de
polichinelo no interior da indústria farmacêutica que a maioria
dos remédios não funciona para a
maioria dos pacientes, um segredo agora tornado público pela
primeira vez por Allen Roses, que
chefia o setor de genética na empresa GlaxoSmithKline (GSK), a
maior empresa farmacêutica do
Reino Unido.
Roses, um pesquisador acadêmico com destacada contribuição
em genética médica, está acostumado a falar o que pensa, em especial sobre os benefícios de uma
nova abordagem revolucionária
para o desenvolvimento de remédios, a farmacogenômica.
Trata-se da ciência que aplica os
resultados do Projeto Genoma
Humano para criar medicamentos. Em essência, implica testar o
DNA de pacientes para identificar
aqueles para os quais um remédio
particular vai funcionar.
Isso permitiria aos médicos separar os "não-responsivos", os
quais, pelo menos, não teriam de
tomar um remédio que na melhor
das hipóteses seria inútil e, na
pior, perigoso, em termos de efeitos colaterais prejudiciais.
No passado, empresas farmacêuticas do mundo todo desenvolviam remédios dirigidos à população mais ampla possível. Era
a estratégia mais rentável, mas
também ignorava um fato básico
da biologia -que as pessoas são
diferentes umas das outras.
Roses cita um estudo publicado
três anos atrás sobre as taxas de
eficiência de uma gama de remédios, realizado por Brian Spear,
cientista sênior dos Abbott Laboratories, uma empresa de diagnóstico médico de Chicago. Ele
constatou que as taxas de eficiência variam de um mínimo de 25%,
no caso de drogas contra o câncer,
a até 80%, no caso de analgésicos.
No caso de muitos medicamentos, porém, as taxas de eficiência
flutuam em torno de 50%, ou menos. Como diz Roses: "O fato é
que a vasta maioria dos remédios
-mais de 90%- só funciona para 30% a 50% das pessoas".
Para Roses, a solução deve vir
em perfis genéticos detalhados,
que permitam saber como cada
segmento da população responde
a determinado remédio.
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