São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

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Pesquisas de opinião podem direcionar políticas

DE SÃO PAULO

As pesquisas de percepção pública da ciência e da tecnologia já acontecem com certa periodicidade há algumas décadas em países da Europa e também nos EUA.
Inicialmente, a ideia desses trabalhos era entender a quantas andava a imagem da ciência e dos cientistas depois de grandes estragos causados, por exemplo, com a Segunda Guerra Mundial.
Mais tarde, os dados coletados regularmente por esses trabalhos acabaram servindo como um termômetro do interesse e conhecimento da sociedade sobre ciência, tecnologia e outros temas.
Sabendo o que as pessoas pensam e querem, os governos poderiam formular políticas públicas nessas áreas- por exemplo, criar museus.
Na América Latina, os trabalhos de percepção pública são mais recentes. O Brasil entrou nesse barco na década de 1980, quando fez um grande trabalho nacional comandado pelo CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento).
Mas a primeira grande enquete foi feita em todo o país com metodologias internacionais apenas em 2006.
Em São Paulo, a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) também inseriu o tema "percepção pública da ciência" na sua última publicação de indicadores de ciência e tecnologia, de 2005.

IDEIA ABSTRATA
Para a socióloga da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Maria Conceição da Costa é importante destacar que não está claro o que as pessoas entendem por "ciência" quando respondem essas pesquisas.
"Provavelmente, o conceito de "ciência" das pessoas esteja relacionado ao que elas encontram na mídia, especialmente na televisão", diz.
Já a pesquisadora Simone Figueiredo, também da Unicamp, acredita que o termo "ciência", para a maioria dos respondentes, ainda está relacionado aos temas vistos nas escolas desde cedo, como física, química e biologia.
Outro "problema" desse tipo de trabalho é que a pessoa consultada muitas vezes quer agradar o entrevistador e acaba respondendo algo que soe positivo- como, por exemplo, afirmar o gosto por ciência e tecnologia.
Na Europa e nos EUA, algumas dessas pesquisas incluem um pacote de questões que tentam mensurar a "alfabetização científica" dos entrevistados. É um conjunto de perguntas de conteúdo científico em que é preciso responder "certo" ou "errado" (por exemplo, se o homem já foi à Lua).
No entanto, especialistas acreditam que essas perguntas revelam mais uma posição cultural do respondente do que seu conhecimento real sobre um determinado assunto científico.
Independente da concepção individual que se tenha de "ciência", a pesquisa do MCT, de acordo com o coordenador do trabalho, serve como um termômetro sobre o assunto e pode direcionar políticas públicas na área.
"Já usamos dados da pesquisa de 2006 no ministério e o novo ministro [Aloizio Mercadante] já tem os dados novos, que podem integrar as políticas do "PAC" da ciência", diz Moreira, do MCT.
(SR)


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