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POLÍTICA CIENTÍFICA
Centros de excelência são prioritários
MCT recua na descentralização de recursos para a pesquisa no Brasil
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal abandonou o
projeto de descentralização dos
investimentos em pesquisa. Segundo o ministro Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), a
idéia, lançada em 2003, estava
sendo confundida com "pulverização de recursos".
Para Campos, o modelo que vinha sendo moldado no primeiro
ano do governo Lula iria enfraquecer os laboratórios de excelência e comprometeria a qualidade
da produção de conhecimento.
Os centros tradicionais, disse, são
o apoio para laboratórios menores e a base para o intercâmbio de
informações entre os cientistas.
"Não há como sustentar o discurso de descentralização da pesquisa. No momento, temos a necessidade de consolidar os centros de excelência e dar condições
para permanecerem vivos os centros emergentes. Estaríamos articulando um falso discurso", afirmou Campos.
Deputado federal pelo PSB-PE,
neto de Miguel Arraes, Campos
assumiu a pasta na reforma ministerial de janeiro. Ele entrou no
lugar de Roberto Amaral, também do PSB. Ontem e hoje, os
gestores do ministério estão reunidos para discutir a aplicação de
recursos e estratégias da pasta.
Os dados preliminares do CNPq
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), ligado ao MCT (Ministério da
Ciência e Tecnologia) e responsável por fomento à pesquisa e concessão de bolsas, apontam que,
diferentemente do discurso do
governo no ano passado, pouco
se fez para a descentralização.
Em 2003, a concentração dos recursos do conselho até aumentou
dois pontos percentuais, na região Sudeste, em relação a 2002
-subiu de 58% para 60% do total
de investimentos, R$ 623 milhões.
No Centro-Oeste, caiu de 7,5%
para 6,7% do total de recursos; no
Nordeste, de 13,4% para 12,7%; e,
no Norte, subiu 0,2 ponto percentual, de 2,9% para 3,1%. As regiões fora do Sudeste não foram
privilegiadas como se previra.
São Paulo continuou sendo o
Estado com mais investimentos
(30% do total), seguido pelo Rio
de Janeiro (19%) e pelo Rio Grande do Sul (10%).
"Os centros consolidados são
importantes para dar apoio aos
novos pólos e para manter a qualidade da pesquisa no país, que
vem sendo reconhecida internacionalmente. Sem isso, o processo
não vai adiante. Temos de ver o
histórico do processo: passamos
nos últimos anos por uma severa
restrição do quadro econômico e
do orçamento do governo. Nessa
conjuntura, temos de priorizar a
infra-estrutura que está sendo
consolidada", diz o ministro.
Segundo Campos, a idéia do governo é "otimizar" o que o país
possui, criando redes de pesquisa
e de intercâmbio de informações.
"Os Estados, os municípios, as
empresas também deverão fazer
parte desse sistema nacional."
Para ele, também é importante a
atração de recursos de fundações
e da iniciativa privada, além aproximar a produção científica do
dia-a-dia da população.
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