DO "INDEPENDENT"

Muito abaixo da fronteira franco-suíça fica uma enorme caverna subterrânea, grande o bastante para abrigar a catedral de Cantuária e fazer parte do maior experimento científico da Terra. Nesta semana, engenheiros iniciaram a delicada tarefa de preparar a caverna para a máquina gigante que vai fixar residência ali.
Se tudo sair como planejado, a ferramenta Atlas, com cinco andares de altura e peso de 7.000 toneladas, vai liderar a busca pelo Santo Graal da física, um fenômeno subatômico sorrateiro conhecido como bóson de Higgs, mas apelidado de "partícula de Deus".
Os físicos teóricos predizem há anos a existência do Higgs, mas nenhum instrumento sobre a Terra foi capaz de encontrá-lo. Se os cientistas de fato detectarem a partícula de Deus, a descoberta poderá resolver uma das maiores questões da ciência: por que existe toda a matéria do Universo?
Atlas é um dos quatro detectores de partículas que compõem a espinha dorsal do Large Hadron Collider (LHC), um esmagador de átomos que pretende elucidar o Universo investigando as forças e partículas no núcleo atômico.
A organização européia de pesquisa nuclear Cern lidera a construção do LHC perto de Genebra. É talvez a mais internacional das iniciativas fora da ONU, com 6.500 cientistas de 80 países.
O LHC está agendado para começar a destruir prótons -núcleos de átomos de hidrogênio- em abril de 2005. A cada segundo, ele vai gerar um volume de dados equivalente à informação manejada por todas as companhias telefônicas do mundo em um ano.
No coração do LHC há um túnel circular de 27 km, no qual dois feixes de prótons em direções opostas serão acelerados a energias intensas antes de atirados um contra o outro, para produzir uma ou duas partículas de Deus.


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