São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2008

Próximo Texto | Índice

Supercomputador da IBM bate recorde de velocidade

Máquina feita com peças de videogame executa 1 quatrilhão de operações por segundo

Batizado Roadrunner, novo instrumento será usado para monitorar arsenal nuclear dos EUA e também para simular clima da Terra

JOHN MARKOFF
DO "NEW YORK TIMES"

Um supercomputador militar americano atingiu um recorde histórico de velocidade de processamento ao realizar mais de 1,026 quatrilhão de operações por segundo.
A nova máquina é mais de duas vezes mais rápida que o supercomputador mais rápido construído até então -o BlueGene/L, da IBM.
O novo computador, batizado Roadrunner (Papa-léguas, em inglês), custou US$ 133 milhões e foi construído por engenheiros e cientistas da IBM e do Laboratório Nacional de Los Alamos, nos EUA. Ele será usado para monitorar o arsenal nuclear americano.
Antes de ser colocado a serviço da guerra, no entanto, ele também será usado para explorar problemas científicos, como a mudança climática. A maior velocidade do Roadrunner permitirá aos cientistas testar modelos climáticos globais com maior precisão.
Se todos os 6 bilhões de terráqueos usassem calculadoras e fizessem contas 24 horas por dia, levariam 46 anos para completar o processamento que o Roadrunner faz em um dia.
A máquina é uma mistura incomum de chips usados em produtos como o console PlayStation 3 e tecnologias avançadas. As lições que os cientistas aprendem ao fazê-lo calcular cada vez mais rápido são consideradas essenciais para o futuro da computação.
A marca ultrapassada pelo computador, o petaflop - 1 quatrilhão de operações por segundo- tem sido buscada por várias potências tecnológicas. Todos vêem os supercomputadores como um símbolo de competitividade econômica.
Máquinas em petaflop como o Roadrunner podem mudar a ciência e a engenharia. Os pesquisadores poderão fazer experimentos antes impraticáveis.
Um exemplo disso são os modelos climáticos, que precisam simular o comportamento da atmosfera e dos oceanos de forma cada vez mais precisa. São quatrilhões de operações simultâneas, algo difícil de fazer com os computadores de hoje.
Cada nova geração de supercomputadores também produz software e hardware que acabam atingindo os produtos de consumo. Com o Roadrunner foi diferente: a tecnologia comercial, como a do videogame, invadiu a supercomputação.
Embora empresas americanas tenham dominado esse campo desde os anos 1960, a criação do Earth Simulator, no Japão, em 2002, tirou o título dos EUA. Construído para fins pacíficos, o gigante japonês executava 35 trilhões de operações por segundo. O desafio fez o governo americano voltar a investir em supercomputação.
Ao quebrar a barreira do petaflop, a indústria dos supercomputadores conseguiu manter o passo de aumentos contínuos de desempenho, melhorando mil vezes em 11 anos. A próxima marca é o exaflop (1 quintilhão de cálculos por segundo), seguida pelo zetaflop, o yotaflop e o xeraflop.


Próximo Texto: Unesp terá super-rede de processamento
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.