São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2007

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Corais somem cinco vezes mais rápido que florestas

Taxa média, que surpreendeu os cientistas autores do estudo, é de 2% ao ano

Nem mesmo a Grande Barreira de Corais, situada na Austrália, área protegida considerada modelo de preservação, está imune

M. Sussman
Banco de coral das Ilhas Marshall analisado para a pesquisa


DA REPORTAGEM LOCAL

Os recifes de corais desapareceram até 2004 a uma taxa média anual de 2%, - valor que é o quíntuplo do índice de diminuição das florestas tropicais do mundo. Em área, isso equivale a aproximadamente 293 mil campos de futebol das dimensões do Maracanã.
Pela primeira vez, cientistas conseguiram medir com precisão o sumiço dos bancos coralinos de uma forma mais geral. Se a dimensão da catástrofe surpreendeu até mesmo os pesquisadores, a lista de motivos não tem novidades. Boa parte desse processo está sendo causado pela humanidade, apesar de fenômenos naturais, nesse caso, não poderem também ser de todo descartados.
A maioria dos dados analisados em um artigo científico publicado na versão eletrônica da revista "PLoS ONE" referem-se aos oceanos Índico e Pacífico. Nessas áreas do globo é que estão mais de 75% dos bancos de corais do mundo.
Ao todo, 6001 medidas foram processadas pela dupla John Bruno e Elizabeth Selig, da Universidade da Carolina do Norte. Elas são referentes à 2667 bancos de corais.
Como mais de um recife foi estudado em momentos diferentes entre 1968 e 2004, também foi possível notar a história cronológica do desaparecimento dos recifes de corais.
Enquanto nos anos 1980 a cobertura média dos bancos era de 42,5%, em 2003, essa mesma referência caiu para 22,1%. O que equivale a uma taxa média de sumiço de 1% ou 1.500 km2.
O problema é que esse índice tem aumentado. Se entre 20 anos ele ficou em 1%, entre 1997 e 2003 ele dobrou. Nesse último período são mais de 3.100 km2 que desapareceram.

Globalização destrutiva
Do lado do Caribe, as referências científicas já existentes também mostram algo bem parecido. Do lado de cá do mundo, os corais estão desaparecendo a uma taxa média anual de 1,5%. Isso segundo medidas feitas entre 1997 e 2001.
Mesmo nos oceanos Índico e Pacífico, segundo os dados copilados agora pelos pesquisadores, não existe uma região que esteja melhor que outra.
De acordo com o estudo, nem mesmo na Grande Barreira de Corais -área protegida na costa nordeste da Austrália considerada exemplo de preservação- os recifes estão a salvo.
A média de cobertura lá, apesar de existir uma certa estabilidade recente, é de 27%.
Para a dupla de pesquisadores que fez o estudo, está mais do que claro que os formuladores de políticas públicas ainda não despertaram para a urgência do problema.
Os corais são considerados elos fundamentais da teia ecológica marinha. Como eles formam grandes ecossistemas nos mares tropicais, sem eles, muitos peixes, e várias espécies de invertebrados, terão dificuldade também para sobreviver.
Nos bancos de recifes não é apenas a biodiversidade que é extraordinária. A produtividade de nutrientes também é.


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