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Governo e ONG divergem sobre desmate
Inpe aponta queda de 49% entre agosto de 2009 e junho deste ano; Imazon vê alta de 8% no mesmo período
Apesar da discrepância,
taxa oficial, que vai ser
divulgada até o fim do
ano, deve acabar sendo
uma das mais baixas
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
O desmatamento na Amazônia em 2010 deve ser, pelo
segundo ano consecutivo,
um dos menores da história,
indicam dados de monitoramento por satélite. A questão
é se a cifra será a menor ou a
segunda menor. Depende de
para quem se pergunta.
O governo federal prevê
uma queda recorde, com base em dados preliminares do
Inpe (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais). A ONG
Imazon fala em um aumento
discreto em relação a 2009.
No ano passado, a taxa foi
a mais baixa da história:
7.400 km2, o equivalente a
"apenas" cinco vezes a área
da cidade de São Paulo.
Ontem, os ministros Izabella Teixeira (Meio Ambiente)
e Sergio Rezende (Ciência e
Tecnologia) divulgaram dados que indicam uma queda
de 49% entre agosto de 2009
e junho deste ano.
Segundo o sistema Deter,
que detecta o desmate com
maior velocidade, mas menor precisão, foram 1.808
km2 desmatados nesse período, contra 3.537 km2 nos 11
meses anteriores.
Rezende chegou a arriscar
que o Prodes, sistema que dá
a taxa oficial do ano, mostrará uma devastação "em torno
de 5.500 km2".
Já o SAD, sistema desenvolvido pelo Imazon e que
usa o mesmo tipo de imagem
de satélite que o Deter, aponta um aumento de 8% no
acumulado agosto-junho.
QUENTE E SECO
Adalberto Veríssimo, do
Imazon, aposta que o número final ficará em torno de
8.000 km2. "É um ano muito
quente e muito seco na Amazônia, além de ser ano de
eleição", diz. "Vamos torcer
para 5.000 km2, mas não bate
com nada do que estamos
vendo aqui", continua.
Se a previsão do governo
se confirmar, será a primeira
vez na história que o desmatamento amazônico cai em
um ano de eleição.
Um dos fatores que podem
explicar a divergência grande entre o SAD e o Deter é a
mudança no perfil do desmate amazônico.
CAFÉ PEQUENO
Em vez de grandes derrubadas, concentradas no sul,
sudeste e leste (o chamado
"arco do desmatamento"), o
que se vê hoje são derrubadas pequenas.
Elas estão concentradas
sobretudo no eixo da BR-163
e na Terra do Meio, no Pará e
no sul do Amazonas (único
Estado que teve aumento no
desmate no período).
Segundo Gilberto Câmara,
diretor do Inpe, o número de
desmatamentos menores de
50 hectares (limite de detecção do Deter) subiu de 30%
do total na Amazônia em
2002 para 75% em 2009.
"O Inpe reafirma que não
dá para afirmar que o desmatamento caiu 50% por causa
do problema dos pequenos
desmatamentos", declarou.
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