UOL


São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2003

Texto Anterior | Índice

COSMOLOGIA

Nova análise da distribuição da radiação cósmica de fundo falha em detectar condições previstas no modelo

Universo como bola de futebol já enfrenta ataques

DA REPORTAGEM LOCAL

Nem bem os cientistas comemoravam a idéia de que o Universo pode ser finito, com o formato de uma bola de futebol, e já começaram a enfrentar o ataque de adversários da hipótese.
A sugestão, feita por um grupo franco-americano na edição de ontem da revista britânica "Nature" (www.nature.com), se apresentou como a melhor explicação para os padrões observados pelo satélite WMAP na radiação cósmica de fundo, um eco da explosão que teria gerado o Universo.
O estudo antecipava dois meios de testar a hipótese. Ele previa com três casas decimais de precisão a densidade do Universo (número que poderá ser aferido em alguns anos com o sucessor do WMAP, o Planck Surveyor) e indicava a presença de certos padrões na radiação, os "círculos no céu", que serviriam de indicadores da topologia futebolística do cosmos. Isso já poderia estar presente nas atuais análises.
"Se o Universo em que vivemos fosse uma bola de futebol, deveria ser observada a presença de círculos, posicionados em lados opostos, na distribuição de temperatura da radiação cósmica de fundo", explica Angélica de Oliveira-Costa, física da Universidade da Pensilvânia (EUA) que também trabalha nos dados do WMAP. "Nossa análise mostrou que os círculos não estão presentes."
O estudo de Oliveira-Costa já foi submetido à revista científica "Physical Review D", e conclusão semelhante também emergiu da pesquisa de David Spergel, físico da Universidade de Princeton que pertenceu ao grupo original do WMAP. "Esses resultados certamente comprometem o modelo da bola de futebol, que parece ter murchado bem antes de o jogo ter começado", diz Oliveira-Costa.
Os autores da hipótese original, liderados por Jean-Pierre Luminet, do Observatório de Paris, ainda esperam virar o jogo. Sugerem que talvez os círculos sejam menores do que o previsto e por isso ainda não apareçam nas análises. Novos estudos até o final do ano devem diminuir a incerteza.
De todo modo, vários outros modelos de universos finitos predizem a existência de eixos de simetria na radiação cósmica, traços que de fato existem. Mesmo que a bola de futebol acabe chutada para longe, a disputa sobre o caráter finito ou infinito do cosmos está longe de terminar. (SN)


Texto Anterior: Neurologia: Rejeição ativa circuitos da dor no cérebro
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.