|
Texto Anterior | Índice
COSMOLOGIA
Nova análise da distribuição da radiação cósmica de fundo falha em detectar condições previstas no modelo
Universo como bola de futebol já enfrenta ataques
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem bem os cientistas comemoravam a idéia de que o Universo pode ser finito, com o formato
de uma bola de futebol, e já começaram a enfrentar o ataque de adversários da hipótese.
A sugestão, feita por um grupo
franco-americano na edição de
ontem da revista britânica "Nature" (www.nature.com), se apresentou como a melhor explicação
para os padrões observados pelo
satélite WMAP na radiação cósmica de fundo, um eco da explosão que teria gerado o Universo.
O estudo antecipava dois meios
de testar a hipótese. Ele previa
com três casas decimais de precisão a densidade do Universo (número que poderá ser aferido em
alguns anos com o sucessor do
WMAP, o Planck Surveyor) e indicava a presença de certos padrões na radiação, os "círculos no
céu", que serviriam de indicadores da topologia futebolística do
cosmos. Isso já poderia estar presente nas atuais análises.
"Se o Universo em que vivemos
fosse uma bola de futebol, deveria
ser observada a presença de círculos, posicionados em lados opostos, na distribuição de temperatura da radiação cósmica de fundo",
explica Angélica de Oliveira-Costa, física da Universidade da Pensilvânia (EUA) que também trabalha nos dados do WMAP.
"Nossa análise mostrou que os
círculos não estão presentes."
O estudo de Oliveira-Costa já foi
submetido à revista científica
"Physical Review D", e conclusão
semelhante também emergiu da
pesquisa de David Spergel, físico
da Universidade de Princeton que
pertenceu ao grupo original do
WMAP. "Esses resultados certamente comprometem o modelo
da bola de futebol, que parece ter
murchado bem antes de o jogo ter
começado", diz Oliveira-Costa.
Os autores da hipótese original,
liderados por Jean-Pierre Luminet, do Observatório de Paris, ainda esperam virar o jogo. Sugerem
que talvez os círculos sejam menores do que o previsto e por isso
ainda não apareçam nas análises.
Novos estudos até o final do ano
devem diminuir a incerteza.
De todo modo, vários outros
modelos de universos finitos predizem a existência de eixos de simetria na radiação cósmica, traços que de fato existem. Mesmo
que a bola de futebol acabe chutada para longe, a disputa sobre o
caráter finito ou infinito do cosmos está longe de terminar.
(SN)
Texto Anterior: Neurologia: Rejeição ativa circuitos da dor no cérebro Índice
|