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Planeta extra-solar mais próximo é recém-nascido
Hubble mostra que astro achado em 2000 vive em meio à poeira que o formou
Gigante gasoso que orbita estrela próxima é alvo de estudos sobre vida extra-
terrestre e poderá ser avistado no final de 2007
Nasa/ESA
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Concepção artística mostra planeta e lua da estrela Épsilon Eridani, que preserva disco de poeira |
DA REDAÇÃO
Uma série de imagens coletadas pelo Telescópio Espacial
Hubble, unidas a registros
complementares de telescópios terrestres, revelou pela
primeira vez características de
um planeta recém-nascido. A
descoberta, anunciada ontem
por um grupo internacional de
astrônomos, é uma confirmação direta da teoria de que planetas se formam pela agregação dos discos de gás e poeira ao
redor de estrelas.
O astro estudado pelos cientistas, um planeta gigante e gasoso ao redor da estrela de Épsilon Eridani, na constelação
do Rio Eridano, já era conhecido desde 2000. Só agora, porém, os cientistas puderam
constatar que ele, o planeta extra-solar mais próximo da Terra, também é extremamente jovem. Para isso foi preciso determinar o desenho de sua órbita
com precisão suficiente para
provar que ela está perfeitamente alinhada com o disco de
gás e poeira a partir do qual o
planeta se formou.
Dança
Mesmo não tendo conseguido (ainda) observar o planeta
diretamente, o Hubble foi capaz medir com acurácia o
"bamboleio" da estrela. Ela oscila para um lado e para o outro
à medida que sua força gravitacional interage com o planeta
em órbita. Medindo esse movimento é possível determinar
massa e órbita do planeta.
"Observamos durante três
anos a dança da estrela com seu
parceiro invisível", diz o astrônomo G. Fritz Benedict, da
Universidade do Texas, um dos
autores da descoberta. "Os sensores de orientação fina [do
Hubble] mediram uma pequena mudança na posição da estrela, equivalente ao diâmetro
de uma moeda de um euro vista
a 1.200 km de distância."
A observação do planeta bebê e de seu disco de poeira e gás
só foi possível porque Épsilon
Eridani é uma estrela jovem,
com 800 milhões de anos de
idade. Os planetas do Sistema
Solar, acredita-se, também se
formaram a partir desse tipo de
detrito cósmico, mas como o
Sol é uma estrela mais velha,
com 4,5 bilhões de anos, vestígios do disco de matéria pulverizada já teriam sumido.
A observação precisa da órbita de Épsilon Eridani b, nome
com que o planeta foi batizado,
também serviu para medir com
precisão a sua massa, que é 50%
maior que a de Júpiter, o maior
planeta do Sistema Solar.
Vida extraterrestre
Localizado a apenas 10,5
anos-luz do sistema solar e com
uma duração de órbita de 6,9
anos terrestres, o planeta recém-nascido é de especial interesse para cientistas que estudam a possibilidade da existência de vida fora da Terra.
Por ser um gigante gasoso como Júpiter, Épsilon Eridani b
não é um bom candidato em si
para o estudo da astrobiologia.
Se alguma lua rochosa orbitar o
planeta, porém, ela estará a
uma distância da estrela dentro
da faixa de temperaturas em
que é possível existir água líquida -ingrediente essencial para
a vida tal qual a conhecemos.
Épsilon Eridani b também
deverá se tornar o primeiro primeiro planeta extra-solar a ser
observado diretamente. No final de 2007, ele estará no ponto
de sua órbita mais próximo da
Terra, quando o Hubble e telescópios terrestres mais potentes
poderão fotografá-lo.
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