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Brasil diz que vai adotar "medidas verificáveis" para reduzir emissões
France Presse
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Ativistas rezam para que os negociadores cheguem a um acordo na conferência do clima |
Celso Amorim diz que debate sobre metas brasileiras é questão "semântica"
CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A BALI
O chanceler Celso Amorim
chamou ontem de "mitologia
semântica" a discussão sobre a
aceitação de metas de redução
de gases-estufa pelo Brasil.
No início da semana final das
negociações sobre o clima em
Bali, o ministro insistiu que o
país não aceitará metas no sentido definido pelo Protocolo de
Kyoto, mas que adotará "medidas quantificáveis e verificáveis" para reduzir suas emissões, em especial as resultantes
do desmate na Amazônia.
"Fica essa discussão sobre se
o Brasil vai aceitar metas, o que
é uma discussão presa a uma
mitologia semântica que é muito manipulada", afirmou. "O
Brasil é um país que está fazendo e vai fazer uma política de
mudança de clima. A questão é
como você dá a isso uma visibilidade que o transforma num
compromisso internacional."
Depois da primeira reunião
com os negociadores do Brasil
na COP-13 (a conferência do
clima da ONU), o chanceler
apontou como desafio a negociação de RED (redução de
emissões por desmatamento).
No momento, os países do
G77, grupo das nações em desenvolvimento (ao qual o Brasil
pertence), estão divididos sobre se incluirão no RED a degradação de florestas e a conservação de estoques florestais.
Esta é a proposta da Índia, que
quer ser recompensada por tudo o que deixou de desmatar no
passado. O Brasil discorda, como também discorda da criação de um mecanismo de mercado para vender créditos de
carbono originados de desmatamento evitado ou reduzido.
O raciocínio do Itamaraty é
que gerar créditos assim inundaria o mercado mundial com
carbono barato, dando aos países desenvolvidos e com metas
a cumprir por Kyoto uma forma fácil de escapar do dever de
casa de descarbonizar sua economia com redução do uso de
combustíveis fósseis.
O Brasil propõe um fundo voluntário onde nações do Anexo
1 (as que têm metas por Kyoto)
depositem dinheiro para compensar países que reduzirem
suas emissões abaixo de um nível preestabelecido.
Com medo de a divisão interna do G77 acabar não beneficiando ninguém, e as florestas
ficarem com uma menção xoxa
no "mapa do caminho", o Brasil
vai tentar unificar os países em
desenvolvimento. "Se você não
tiver recursos financeiros novos e livres de um mecanismo
de mercado você não está contribuindo para reduzir emissões", disse Amorim.
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