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Floresta poderá sobreviver ao aquecimento global, diz estudo
DA REPORTAGEM LOCAL
A floresta amazônica pode
ser menos vulnerável ao aquecimento global do que se temia,
porque muitas das projeções
subestimam o volume de chuvas, de acordo com um estudo
de cientistas do Reino Unido.
O grupo de pesquisadores
afirma que Brasil e outros países na região precisam agir para
evitar um ressecamento irreversível no leste da Amazônia
-área mais ameaçada pela mudança do clima, pelo desmatamento e pelas queimadas.
"O regime de chuvas no leste
amazônico deve mudar no século 21 num rumo que favoreça
florestas sazonais em relação
ao cerrado", escreveu o grupo
em artigo na revista "PNAS".
As florestas sazonais têm estações secas e úmidas, enquanto a floresta tropical é permanentemente úmida. Essa mudança poderia favorecer espécies de árvores e animais diferentes das típicas regionais.
O novo estudo contrasta com
projeções de que a floresta
amazônica pode ser totalmente
substituída por uma espécie de
cerrado. O meteorologista Peter Cox previu num estudo, por
exemplo, que o colapso da
Amazônia poderia ocorrer em
2050. A pesquisa divulgada
agora afirma que todos os 19
modelos climáticos globais subestimam as chuvas na maior
floresta tropical do mundo. A
conclusão se deu após uma
comparação dos modelos com
as observações do clima ao longo do século 20.
As planícies amazônicas têm
uma precipitação média anual
de 2.400 milímetros, segundo o
estudo. E, mesmo com redução
nas chuvas, a região ainda teria
umidade suficiente para sustentar uma floresta.
Contudo, segundo José Marengo, do Centro de Previsão
do Tempo e Estudos Climáticos do Inpe (Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais), o novo
estudo tem "bases fracas".
"Eles assumiram uma evaporação constante de 100 milímetros por mês. Por isso, não chegaram a um extremo. Mas, com
as temperaturas mais quentes e
o ar mais seco, a evaporação
tende a aumentar", afirma.
Segundo Marengo, a savanização ganha força quando há
desequilíbrio entre evaporação
e precipitação.
Queimadas
Os pesquisadores examinaram também estudos de campo
sobre como a Amazônia poderia reagir ao ressecamento. O
estudo diz que as florestas sazonais seriam mais resistentes
a eventuais secas, porém mais
vulneráveis a queimadas do
que as matas atuais.
"A maneira fundamental de
minimizar o risco de colapso da
Amazônia é controlar a emissão de gases de efeito estufa no
mundo, principalmente pela
queima de combustíveis fósseis
nos países desenvolvidos e na
Ásia", afirmou Yadvinder Malhi, da Universidade de Oxford,
que coordenou o estudo.
Com Reuters
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