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Grupo vê 6 benefícios contra 17 riscos de técnica mais polêmica
DA REDAÇÃO
O alerta mais recente para os
perigos da geoengenharia foi
dado há menos de um mês,
num estudo publicado no periódico da Academia Nacional
de Ciências dos EUA. O trabalhou mostrou que lançar ferro
no oceano para estimular algas
que sequestram CO2 do ar pode
trazer no pacote a proliferação
de algas que produzem uma toxina fatal para seres marinhos.
O episódio expõe o grande
paradoxo da geoengenharia: só
é possível saber se ela funciona
testando-a em campo em grande escala. O problema é que os
efeitos colaterais potencialmente desastrosos só aparecem durante os testes, quando
não se pode mais evitá-los.
A técnica de engenharia do
clima mais discutida hoje, e
mais eivada de efeitos colaterais, é a chamada ampliação de
albedo da Terra por injeção de
sulfatos na estratosfera.
Ela consiste em simular o
efeito de erupções vulcânicas,
que lançam milhões de toneladas de aerossóis de enxofre no
ar. Essas partículas, na alta atmosfera, bloqueiam radiação
solar. O resultado é um resfriamento, que pode ser considerável: a erupção do monte Pinatubo, em 1991, esfriou o planeta
em 0,5C por um ano.
Um estudo publicado no ano
passado no periódico "Geophysical Research Letters" por
Alan Robock e colegas da Universidade Rutgers, nos EUA,
estimou que o equivalente a
uma erupção do Pinatubo a cada 4 ou 8 anos seria necessária
para frear o aquecimento global. Isso significaria lançar de 2
milhões a 5 milhões de toneladas de enxofre por ano no ar, a
um custo estimado de algumas
dezenas de bilhões de dólares
-uma opção cara, mas bem
mais barata que o corte de
emissões de CO2.
O problema, diz Robock, é
que ninguém sabe se a tecnologia vai funcionar. "Você não
pode fazer um teste sem que
esteja de fato implementando
geoengenharia. Espero que isso nunca seja necessário."
Morrendo da cura
Ele tem boas razões para isso. Em seu estudo, o grupo do
americano listou seis benefícios e 17 riscos teóricos da técnica. O mais gritante deles é
que os aerossóis interferem nas
monções. A injeção permanente de sulfatos no ar poderia,
portanto, provocar secas na
Ásia e na África -justamente
um dos efeitos mais temidos
das mudanças climáticas.
Michael McCracken diz que
uma forma de minimizar efeitos colaterais seria aplicar a
técnica só para resolver problemas regionais. Por exemplo,
lançar aerossóis de enxofre no
céu do Ártico na primavera para conter o degelo no verão.
Para Robock, mesmo que a
geoengenharia estratosférica
dê certo, ao "mascarar" o aumento da temperatura pela
queima de combustíveis fósseis
ela traz um risco moral: fazer a
humanidade desistir de cortar
emissões de carbono. Caso a simulação vulcânica precisasse
ser interrompida, o planeta se
veria mergulhado num grau de
aquecimento catastrófico.
Além disso, o céu do planeta
nunca mais seria azul, devido à
"poeira" permanente no ar.
Paul Crutzen, ganhador do
Nobel de Química, reconhece
esse risco num estudo de 2006.
Mas contemporiza: "O pôr do
sol ficaria colorido".
(CA)
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