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Águas de SP têm 86 peixes e invertebrados sob risco
Novo mapeamento do IBGE completa censo de animais ameaçados no Brasil
Ocupação costeira, pesca excessiva e poluição são principais fatores que levam espécies a sumir na região, dizem autores de pesquisa
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
O Estado de São Paulo concentra o maior número de espécies de peixes e invertebrados aquáticos ameaçados de extinção no Brasil, indica um levantamento divulgado ontem
pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
Das 238 espécies nessa situação, 86 vivem no Estado. A poluição dos rios e a ocupação das
áreas ribeirinhas pelo homem,
destruindo o habitat aquático,
são os fatores que mais ameaçam os peixes. Os dados divulgados ontem completam o mapeamento dos 632 animais
ameaçados de extinção. Répteis, anfíbios, mamíferos e invertebrados terrestres já tinham sido mapeados.
O levantamento do IBGE foi
feito a partir de dados do Ibama
(Instituto do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis) compilados em 2004, e
considera cinco diferentes
graus de risco.
O objetivo do IBGE ao fazer
esse mapeamento é incentivar
projetos para preservar a biodiversidade. "Visualizando onde
esses animais estão, fica mais
fácil tomar iniciativas para preservá-los", afirma Lícia Leone
Couto, coordenadora de Recursos Naturais do IBGE.
O primeiro mapa, lançado
em 2006, listou aves ameaçadas de extinção, em 2007 foi a
vez dos mamíferos, répteis e
anfíbios. E em 2008, as espécies de insetos e invertebrados
terrestres foram mapeadas.
Dos 632 animais sob risco de
extinção no Brasil, a maioria
são animais aquáticos (238). O
grupo reúne peixes que variam
de lambaris a tubarões, incluindo bagres e cações. Entre os invertebrados, há espécies de ostras, corais, lagostas e estrelas-do-mar, entre outros.
O risco de extinção ocorre
por três fatores, segundo Couto. "O homem ocupou as faixas
costeiras do Brasil, causando a
destruição dos habitats naturais dessas espécies. Além disso, a poluição das águas e a pesca -seja para consumo, esportiva ou ornamental- também
contribuem para o fim das espécies aquáticas."
Segundo a bióloga Mônica
Brick Peres, do Instituto Chico
Mendes, a lista de animais
ameaçados de extinção está
crescendo mais acentuadamente por causa das espécies
aquáticas. "Existem cerca de 30
mil espécies de vertebrados
aquáticos no mundo, e só 4% já
foi pesquisado. Dessa quantia,
39% correm risco de desaparecer", conta a bióloga. É o maior
índice -entre os anfíbios pesquisados esse índice é de 31%;
entre os répteis, 30%, mamíferos, 22% e aves, 12%.
Segundo a bióloga, muitas espécies somem sem que nem tenham sido estudadas. "Conforme aumenta o número de [animais] pesquisados deve crescer
também a quantia daqueles sob
risco de extinção", diz.
Segundo Couto, o bioma brasileiro que mais concentra peixes e invertebrados aquáticos
sob risco é a mata atlântica. Os
Estados que concentram o
maior número de espécies
ameaçadas são aqueles onde
houve maior degradação desse
tipo de ambiente, diz a bióloga.
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